Teto de gastos pode ser rompido antes de acionamento de medidas de contenção da PEC emergencial


22 de março de 2021
Teto de gastos pode ser rompido antes de acionamento de medidas de contenção da PEC emergencial
Segundo a Instituição Fiscal Independente do Senado, regra presente na PEC ficou mal calibrada e não vai induzir nenhum corte de despesa obrigatória no curto prazo (Reprodução/ Internet)

Com informações Folha de S. Paulo

BRASÍLIA – O teto de gastos, regra que limita o avanço das despesas à inflação, pode estourar antes mesmo do acionamento dos gatilhos de contenção pela regra recém-aprovada na PEC emergencial, alerta a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado.

O órgão divulgou, nesta segunda-feira, 22, o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), em que prevê que as despesas obrigatórias só passarão dos 95% do total, como estipulado na regra de acionamento dos gatilhos, em 2025.

Naquele ano, porém, as despesas discricionárias, que incluem custeio e investimentos, estarão abaixo do mínimo estimado para garantir o funcionamento da máquina pública.

“Em 2025, o ajuste nas despesas discricionárias que tornaria possível cumprir o teto de gastos é tal que elas seriam levadas a um patamar abaixo do que a IFI considera como sendo o mínimo necessário para o funcionamento da administração pública”, diz o documento.

O argumento da IFI é o de que a regra ficou mal calibrada, pois não vai induzir nenhum corte de despesa obrigatória no curto prazo. Além disso, para assegurar as atividades básicas da administração, poderia ter que furar o teto em algum momento, dado o nível de restrição.

Segundo estimativas da IFI, o gasto obrigatório do Executivo está hoje em 92,4% do total, de acordo com a proposta orçamentária de 2021, ainda longe dos 95%. Entre 2017 e 2020, esse porcentual oscilou entre 91,2% e 93,5%, nunca chegando perto dos 95% estipulados na regra constitucional.

Até 2024, as discricionárias ficarão um pouco acima dos R$ 100 bilhões, orbitando perto do mínimo estimado para o funcionamento da máquina. A partir de 2025, esses gastos caem para um patamar próximo dos R$ 90 bilhões, o que resulta em dois efeitos: o acionamento do gatilho e o estrangulamento das atividades da administração.

“Os gatilhos tendem a ser acionados apenas em 2025, mas a lógica matemática da regra, com 95%, faz com que o teto corra risco de ser rompido antes ou, no máximo, no mesmo momento. Isso se deve à má calibragem do percentual”, afirma o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto.

“Mesmo que as obrigatórias aumentem mais do que a IFI prevê, e as discricionárias fiquem mais baixas, o que contribuiria para ter um indicador de obrigatória em relação à despesa primária mais alto, isso não seria suficiente para levar ao atingimento dos 95% sem romper o teto”, disse.

Para ele, o problema é grave, porque a regra foi concebida para, em tese, resolver o problema do acionamento dos gatilhos e para ajustar despesas evitando o rompimento do teto.

Outros órgãos estão ainda mais distantes de terem que adotar medidas amargas para congelar salários e outras despesas. No Judiciário, a proporção está prevista em 87,1% em 2021, enquanto no Legislativo, em 86,0%.

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