‘Tivemos excelente química’, diz Trump sobre encontro com Lula nos EUA
23 de setembro de 2025

MANAUS (AM) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao falar sobre um breve encontro que teve com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em Nova York, no país norte-americano. Segundo ele, o contato durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para criar uma impressão positiva de Lula. Trump afirmou que os dois devem se reunir na próxima semana.
O presidente dos EUA declarou, em seu discurso no evento, que a conversa com Lula durou menos de um minuto. De acordo com Trump, ambos se abraçaram e concordaram em se reunir na semana que vem. “Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo, nós o vimos, eu o vi, ele me viu, nos abraçamos. E eu estou dizendo: Você pode acreditar? Eu vou dizer isso em apenas dois minutos. Mas, na verdade, concordamos que nos encontraríamos na próxima semana“, afirmou.
Trump ainda disse ter achado Lula um “homem muito legal” e que percebeu uma “química excelente” entre os dois. “Ele parece ser um homem muito legal, na verdade. Ele gostou de mim, eu gostei dele, e eu só faço negócios com pessoas que eu gosto, eu não faço quando não gosto deles, quando eu não gosto deles eu não gosto deles. Tivemos pelo menos por cerca de 39 segundos, tivemos excelente química, é um bom sinal“, concluiu.
A fala, embora descontraída, indica um possível sinal de aproximação entre os dois líderes após as sanções tarifárias impostas pelos EUA ao Brasil, referente a importações de produtos brasileiros. Esta também foi a primeira vez que Lula ficou no mesmo ambiente que Trump desde que o americano aplicou sanções ao País, no final de maio.
Apesar dos elogios de Trump, Lula — que foi o primeiro a discursar na Assembleia-Geral da ONU neste ano — fez uma fala recheada de recados e críticas a ações dos Estados Unidos ao Brasil, sem citar nominalmente o país norte-americano. O presidente também afirmou que a democracia e soberania do País são inegociáveis, fazendo críticas à extrema direita e às sanções.
O presidente iniciou o discurso afirmando que o encontro entre os chefes de Estado deveria ser uma celebração, mas que “o multilateralismo está diante de uma nova encruzilhada”. “Esse deveria ser um momento de celebração das Nações Unidas, criada numa guerra, a ONU simboliza a expressão mais elevada da não sei o que pela paz e pela prosperidade. Hoje, contudo, os ideais que inspiraram os seus fundadores em São Francisco estão ameaçados como nunca estiveram em toda a sua história”, disse.

O presidente brasileiro também comparou a crise do multilateralismo ao enfraquecimento da democracia, fazendo referência aos ataques da extrema direita. “Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar instituições e sufocar liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam com milícias físicas e digitais e atacam a imprensa”, falou o presidente.
Lula também afirmou que “não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias” contra instituições e a economia do País, destacando que, pela primeira vez, o mundo assistiu a um ex-presidente ser condenado por atentado contra o Estado Democrático de Direito, numa referência a Jair Bolsonaro (PL).
“Há poucos dias e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito, foi investigado, indiciado e julgado, e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso, teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam as suas vítimas”, afirmou.