Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Tocantins ocupa o segundo lugar no ranking de casos de intoxicação por agrotóxico, segundo o boletim epidemiológico “Vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos no Brasil, entre 2020 e 2022“, do Ministério da Saúde divulgado neste mês. Foram identificados cerca de 255 casos para cada 1 mil habitantes.
O Estado da região Norte só fica atrás do Espírito Santo, com média de 304 casos para cada 1 mil habitantes. Na contramão, o Amapá, também na região Norte, teve o menor índice: 10,1 registros a cada 1 mil habitantes.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os agrotóxicos são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, larvas, fungos, carrapatos sob a justificativa de controlar as doenças provocadas por esses vetores e de regular o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural quanto urbano, usados tanto em atividades agrícolas como não agrícolas.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano e que evoluem para óbito, em países em desenvolvimento. Outros mais de sete milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais também são registrados.
Ainda de acordo com a OIT, o Brasil vem sendo o País com maior consumo destes produtos desde 2008, devido ao desenvolvimento do agronegócio no setor econômico.
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Riscos à saúde
O Inca aponta, ainda, que a exposição aos agrotóxicos pode causar uma série de doenças, dependendo do produto que foi utilizado, do tempo de exposição e quantidade de produto absorvido pelo organismo. No ambiente de trabalho, é possível ter contato com a substância por meio da inalação, contato dérmico ou oral.
Em outros ambientes, a exposição se dá por meio de pulverizações aéreas, consumo de alimentos e água contaminados, ou contato com roupas dos trabalhadores com o agrotóxico.
Na saúde, os efeitos agudos, de aparecimento rápido, podem ser:
- Através da pele – Irritação na pele, ardência, desidratação, alergias;
- Através da respiração -Ardência do nariz e boca, tosse, coriza, dor no peito, dificuldade de respirar;
- Através da boca – Irritação da boca e garganta, dor de estômago, náuseas, vômitos, diarreia.
Outros sintomas inespecíficos também podem ocorrer, tais como: dor de cabeça, transpiração anormal, fraqueza, câimbras, tremores, irritabilidade.
Já entre os efeitos crônicos, aqueles que aparecem após exposições repetidas a pequenas quantidades de agrotóxicos, por um período prolongado, podem ser:
- Dificuldade para dormir, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças.
Estudos apontam, ainda, que alguns grupos de agrotóxicos agem como carcinogênicos (podem causar câncer).