Trabalho de acolhimento é mantido em meio à pandemia de Covid-19

Entre as ações da Prefeitura de Manaus, está o fornecimento de alimentação. (divulgação)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – Em mais de 90 dias, a Prefeitura de Manaus atuou com ações de combate e enfrentamento ao novo Coronavírus voltadas a 30 pessoas em situação de vulnerabilidade atendidas pelo Serviço de Acolhimento Institucional (SAI) Amine Daou Lindoso, no bairro Petrópolis, zona Sul. Durante os três meses de isolamento social, nenhum caso de Covid-19 foi confirmado na casa de acolhimento, que realizou, aproximadamente, 4 mil atendimentos psicossociais e distribuiu cerca de 10 mil refeições aos acolhidos.

“O prefeito Arthur Virgílio Neto e a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro tiveram como prioridade, durante essa pandemia, a atenção, o cuidado e o acolhimento às pessoas mais vulneráveis. Todo o trabalho de assistência social já consolidado no município foi fortalecido nesse período de enfrentamento ao novo coronavírus”, destaca a secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), Suzy Anne Zózimo.

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Além do atendimento psicossocial e da alimentação, o SAI oferece, ainda, encaminhamento para inclusão em programas sociais e de oportunidade de emprego. O SAI Amine Daou Lindoso é uma transição da pessoa vulnerável para reintegrada na sociedade novamente.

O espaço é uma das opções oferecidas pelo município para atender as pessoas em situação de rua, e conta com dormitórios, sala recreativa, banheiros, copa, sala para atendimento e refeitório, onde são realizadas quatro refeições diariamente, do café da manhã ao jantar. Um total de 24 funcionários atua na casa em sistema de escala 24 horas por dia.

Atualmente, 28 pessoas fazem uso do serviço, que é voltado para homens em vulnerabilidade social com idades entre 18 e 59 anos. O tempo de uso do espaço é de até três meses, mas devido a pandemia, esse período foi prorrogado. A entrada no SAI acontece por meio de encaminhamento de outras instituições e equipamentos socioassistenciais ou por demanda espontânea.

Como em toda casa, há regras a ser seguidas. Uma delas salvou vidas, como afirma o gerente do SAI Amine Daou, Rommel Oliveira, 52. “Mudamos a nossa rotina por causa do novo coronavírus, até hoje ainda estamos em isolamento. Qualquer saída na rua eles vão e voltam nos veículos disponibilizados pela prefeitura. E vemos que deu certo, pois não tivemos nenhum caso confirmado e nem suspeita da doença”, informa.

Há oito anos trabalhando na área de assistência social e há aproximadamente três anos na gerência da casa de acolhimento, Rommel explica que o local é a passagem para a reintegração social. “Atendemos pessoas de todo o Amazonas. Aqui buscamos oferecer condições para que eles saiam da situação de rua. O respeito mútuo prevalece, tanto que alguns retornam a casa, para agradecer o período que usufruíram do serviço”, observa.

Otimismo

Recém-chegado do hospital Adriano Jorge, onde ficou internado por oito meses, cinco deles aguardando por uma cirurgia, após ter o fêmur quebrado em um atropelamento, o amapaense Paulo Fernandes, 49, mora há 16 anos em Manaus e há uma semana está no SAI. Acompanhado de suas bengalas, ele conta como foi parar ali entre uma colherada e outra no frango oferecido como almoço para os acolhidos na casa.

“Eu trabalhava como eletricista, morava alugado e tinha minhas coisas. Mas fiquei tanto tempo no hospital, após o acidente, que tive que entregar o local e, para não ficar em situação de rua, o serviço social do Adriano Jorge me encaminhou aqui para o SAI. E aqui eu estou ótimo, tudo caminhando muito bem, graças a Deus”, relata Paulo, que divide quarto com outras três pessoas. Otimista, ele acrescenta que espera poder voltar a trabalhar de carteira assinada e reconquistar a vida que tinha antes do acidente.

Oportunidade

Utilizando o SAI novamente, Robson Sousa, 45, é atualmente um dos mais antigos usuários do serviço. Há 10 anos em situação de rua, ele conta que era dependente químico, quando esteve na casa pela primeira vez, e que agora não vai desperdiçar a segunda oportunidade.

“Como estou passando aqui pela segunda vez, eu só tenho a agradecer à Prefeitura de Manaus. Eu não tenho nada a reclamar do serviço oferecido pelos profissionais. Tem muita gente querendo vir para cá. A primeira vez eu não soube aproveitar, mas agora eu vou aproveitar e vou me reerguer de novo”, desabafa.

Inclusão

Recomeço. Esse foi o lema de Sérgio Marcondes, 41, que passou mais de cinco anos em situação de rua, época em que foi acolhido no SAI Amine Daou. Atualmente, ele desenvolve atividades no setor de manutenção da Semasc como bolsista do projeto Passaporte para Inclusão Social, da Prefeitura de Manaus, garantido após encaminhamento feito pela casa de acolhimento. Com o valor do benefício, ele paga o aluguel do quarto, onde mora com a companheira, além de ajudar na criação dos filhos.

“A minha experiência no SAI foi muito boa, todos os funcionários têm uma atenção muito grande com a gente. Perguntam como estamos de saúde, acionam psicólogos, caso seja necessário. Não tem ninguém que passou pelo Amine Daou para falar que é um lugar ruim. Lá nós dormimos no ar-condicionado, em uma cama, ao contrário da rua. A alimentação é ótima, temos direito a café da manhã, almoço, lanche e jantar”, informa.

Após desentendimentos com a família por causa da herança de um terreno, Marcondes foi despejado e passou a morar na rua, onde enfrentou, por um período, o vício em substâncias químicas.

“Se eu não tivesse passado pelo SAI Amine Daou não teria mudado, não teria conseguido fazer essa transição. Eu estava perdido, foi essencial o trabalho dos psicólogos comigo, me orientando, me dando forças para mudar de vida. Hoje com o projeto Passaporte eu consigo ajudar meus filhos, consigo me ajudar em primeiro lugar. Tenho um quartinho, já tenho alguns móveis, posso dizer que é meu mesmo, posso comprar minha comida, a minha roupa. Não preciso dormir no papelão com medo de alguém fazer alguma coisa comigo. Só tenho a agradecer”, conta.

(*) Com informações da assessoria

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