Treinador de time feminino do AM é liberado após ter sido preso por racismo


10 de julho de 2024
Hugo Duarte é treinador do FC Futebol Clube (Composição: Weslley Santos/Cenarium)
Hugo Duarte é treinador do FC Futebol Clube (Composição: Weslley Santos/Cenarium)

Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS (AM) – A Justiça concedeu, nesta quarta-feira, 10, liberdade provisória ao treinador do time feminino amazonense JC Futebol Clube, Hugo Duarte, preso em flagrante após denúncia de racismo contra uma jogadora do Bahia. Segundo boletim de ocorrência, o suspeito chamou a zagueira baiana Suelen Santos de “macaca”.

Na decisão, a juíza Marcela Moura França determinou medidas cautelares, como proibição de aproximação a menos de 200 metros da vítima, comparecimento bimestral em juízo por período de um ano e também a todos os atos processuais. Hugo ainda está proibido de se ausentar da comarca onde reside sem autorização. Ele precisa pagar fiança no valor de 30 salários mínimos para ser solto.

Tudo começou durante a comemoração do acesso Bahia à Primeira Divisão do Futebol Feminino, após empate com o JC, no estádio de Pituaçu, em Salvador, na segunda-feira, 8. Na ocasião, uma confusão foi formada e Suelen relatou ter sido chamada de “macaca” por Hugo Duarte.

A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista“, afirmou a jogadora em publicação no Instagram.

A confusão e a denúncia de racismo também foi registrada em súmula. De acordo com o documento oficial da partida, a própria zagueira relatou à equipe de arbitragem e ao policiamento que Hugo Duarte cometeu injúria racial e tentou agredi-la fisicamente. Ainda segundo a súmula assinada pela árbitra Jady Jesus Caldas, membros da comissão técnica e jogadoras Bahia confirmaram a versão da atleta, mas a arbitragem não conseguiu presenciar as ofensas.

Na súmula da partida consta o relato da jogadora e de testemunhas (Reprodução)

Em nota oficial, o Bahia lamentou que a noite de festa tenha sido manchada por um “episódio lamentável” e prestou solidariedade à atleta. “O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”, garantiu a agremiação.

O JC Futebol Clube também recorreu ás redes sociais para condenar qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa.

O Clube juntamente com seu jurídico estão averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciado para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos. No mais ratificamos que este clube é contra qualquer tipo de preconceito”, afirmou o time amazonense.  

A Lei 14.532/2023 equipara a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa. A CENARIUM questionou o treinador sobre a acusação, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

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