Treze pessoas morrem em nova série de protestos contra o governo em Cali, na Colômbia

Manifestantes tentam se proteger dos disparos efetuados pela polícia durante protesto em Cali (LUIS ROBAYO / AFP Newsletters)

Com informações do jornal O Globo

CALI, Colômbia – Em mais um dia de violentos protestos na cidade colombiana de Cali, 13 pessoas morreram e 34 ficaram feridas em enfrentamentos registrados ao redor da região metropolitana da cidade, que tem cerca de 3,5 milhões de habitantes. Ao longo de um mês de manifestações contra o governo na Colômbia, mais de 50 pessoas já haviam morrido em confrontos entre manifestantes e policiais.

De acordo com o secretário de Segurança da cidade, Carlos Rojas, oito das mortes foram provocadas por armas de fogo — em um dos casos, um funcionário da Promotoria colombiana disparou contra manifestantes em um dos pontos de bloqueio de vias da cidade. Duas pessoas morreram, e o homem acabou perseguido e linchado. O caso foi apontado como o estopim para a onda de violência.

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Policiais colombianos prendem manifestante em Cali, Colômbia. Manifestações, que já deixaram 42 mortos, começaram no fim de abril (LUIS ROBAYO / AFP – 10/05/2021)

“No sul da cidade tivemos um verdadeiro cenário de confronto e de quase guerra urbana, onde muitas pessoas não apenas perderam a vida, como também tivemos uma quantidade importante de feridos”, afirmou o secretário municipal de Segurança, Carlos Rojas.

Vídeos divulgados em redes sociais mostram ainda civis efetuando disparos com fuzis ao lado de policiais — a autenticidade das imagens não foi confirmada pelas autoridades, que ressaltam a gravidade da situação em Cali.

“O dia 28 de maio de 2021 é um dia fatídico, doloroso, e é um dia que significou a morte”, afirmou o prefeito da cidade, Juan Iván Ospina, à rádio Caracol.

Cali é epicentro das manifestações que há um mês levaram milhares de pessoas às ruas da Colômbia para questionar as políticas do presidente Iván Duque. Inicialmente, os atos serviram como repúdio a uma proposta de reforma tributária, posteriormente retirada da pauta pelo governo.

Contudo, novas demandas sociais foram incorporadas à pauta dos atos, que ganharam força e passaram a ser duramente reprimidos pelas forças de segurança, provocando mais revolta nas ruas e duras condenações por parte da comunidade internacional.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken “expressou preocupação e condolências pela perda de vidas durante os recentes protestos na Colômbia”. Questionado pelo New York Times, Duque confirmou que “pode e deve ter havido atos de abuso de força”. O escritório de direitos humanos da ONU na Colômbia demonstrou “extrema preocupação” com a situação em Cali, e pediu que se privilegie “o diálogo e a vida”.

Na sexta-feira, já em meio às mortes em Cali, o presidente Duque anunciou um grande reforço militar na região, prometendo triplicar o efetivo nas ruas.

“A partir desta noite [de sexta-feira] começa um emprego máximo de assistência militar à polícia nacional na cidade de Cali e no departamento do Valle [do Cauca]”, declarou o presidente. “Ilhas de anarquia não podem existir em nosso país. Se deve entender o clamor dos cidadãos, interpretá-lo e atendê-lo, mas nunca com violência pela metade, contra os cidadãos”.

As autoridades locais também determinaram um toque de recolher a partir das 19h. Não houve registro de novos confrontos neste sábado.

Por outro lado, governo e manifestantes seguem com negociações sobre um acordo para colocar fim aos protestos, greves e bloqueios de vias. Esta semana, os dois lados sinalizaram ter um “pré-acordo”, mas na quinta-feira representantes de Duque afirmaram que um pacto não seria assinado por conta da recusa de alguns sindicalistas em condenar os bloqueios de ruas e estradas. Para Francisco Maltes, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o governo é o maior responsável pelo atraso em um acordo.

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