Tribunal do júri assume caso de suspeito de matar palestino em Manaus
Por: Jadson Lima
10 de fevereiro de 2025
Além da representação pela prisão de Robson Júnior, a autoridade policial pediu as outras medidas cautelares (Composição Paulo Dutra/CENARIUM)
MANAUS (AM) – O caso envolvendo o assassinato do palestino-brasileiro Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos, que tramita no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), foi redistribuído, nesta segunda-feira, 10, para a 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus.
A redistribuição para o juiz FábioCésar Olintho de Souza ocorreu às 12h51, após a Central de Plantão Criminal emitir um mandado de prisão temporária, por 30 dias, contra o principal suspeito, gerente da loja Casa do Eletricista Robson Silva Nava Júnior.
O gerente da Casa do Eletricista Robson Júnior, suspeito de assassinar o jovem palestino (Reprodução)
O assassinato do estudante do curso de Ciência da Computação na Universidade da Jordânia, no Médio Oriente, foi registrado na madrugada de sábado, 8, nas proximidades da casa noturna Rox Clube, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, na Zona Centro-Sul da capital amazonense. A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que o caso é investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
Agora, o juiz responsável pelo processo judicial deve decidir se acata ou não a representação da autoridade policial, que solicitou a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos, além da interceptação das comunicações telefônicas. Em decisão que decretou a prisão do suspeito nesse domingo, 9, o juiz plantonista Reyson de Souza e Silva argumentou que as medidas cautelares não eram “típicas de cognição em plantão criminal”.
“Deixo de apreciar demais pleitos policiais (quebra de sigilo telefônico, interceptação telefônica e afastamento de sigilo de dados telemáticos), por não vislumbrar risco de perecimento deles, nem serem elas típicas de cognição em plantão criminal, nesta data, assim, sendo possível serem eles apreciados pelo competente juízo natural, já durante regular expediente forense de amanhã (10/02/2025)”, diz trecho da decisão do magistrado plantonista.
Trecho da decisão que decretou a prisão temporária do suspeito de matar o palestino (Reprodução)
Testemunha reconheceu suspeito
A representação da PC-AM que pediu a prisão temporária de Robson Júnior aponta que ele compareceu, por livre e espontânea vontade, à delegacia para prestar esclarecimentos sobre os fatos. Apesar do depoimento, a autoridade policial destacou inconsistências no caso. Conforme a autoridade policial, uma outra testemunha que presenciou o crime reconhece o homem de 30 anos “como sendo quem teria desferido golpe fatal contra a vítima”.
Além disso, destaca a polícia, o suspeito chegou a apresentar a camisa que teria sido utilizada por ele no momento dos fatos, mas a vestimenta não é a mesma com a qual ele aparece em imagens capturadas por câmeras de segurança no local. Após as inconsistências, PC-AM pediu a prisão temporária do suspeito e as medidas de busca e apreensão, além das quebras do sigilo de dados telefônicos e telemáticos, bem como a interceptação de comunicação telefônica.
Busca e apreensão
Além da representação pela prisão de Robson Júnior, a autoridade policial pediu as outras medidas cautelares, como a busca e apreensão do celular do investigado e a quebra dos sigilos telemáticos, “por entender imprescindíveis às investigações, como forma de consolidar a autoria/participação quanto ao delito em apuração”. Todas as solicitações receberam parecer favorável do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
“O aparelho celular mencionado pela autoridade policial, de propriedade do representado, haja vista a constatar indícios razoáveis de que pode reunir dados relevantes à comprovação de autoria e materialidade do delito em apuração, considerando, ademais, que tais dados possam ser comprometidos, alterados ou mesmo eliminados com o tempo, revelando-se mister o deferimento da referida medida cautelar”, diz outro trecho da decisão.
Vítima passava férias
Estudante do curso de Ciência da Computação na Universidade da Jordânia, no Médio Oriente, o palestino Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos, estava de férias com a família em Manaus (AM). A vítima voltaria para o país na próxima quarta-feira, 12.
O representante da Sociedade Árabe Palestina do Amazonas e familiar da vítima, Mamoun Imwas, informou à CENARIUM que Mohammad estava em Manaus para visitar o pai e o irmão. “Ele estudava na universidade jordaniana e morava na Jordânia. Veio a Manaus visitar o pai e o irmão. A passagem de volta estava marcada para a próxima quarta-feira“, declarou à reportagem.
Mamoun Imwas informou, ainda, que o estudante nasceu na capital amazonense, mas desde criança residia na Jordânia. “Ele nasceu em Manaus e foi morar ainda pequeno na Jordânia. Poucas vezes ele vinha passear aqui. Mohammad tem dupla nacionalidade, era palestino e brasileiro“, informou.
O jovem Mohammad, que foi definido como comprometido com a sua cultura e com a causa Palestina, terá o corpo repatriado à Jordânia. (Reprodução)
De acordo com uma nota emitida pela Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, a confusão envolvendo o jovem e o suspeito Robson Júnior iniciou-se nas dependências do estabelecimento. A nota aponta que seguranças do local orientaram o grupo envolvido na discussão a sair das dependências do local por motivo de segurança, mas, antes do pedido, funcionários do estabelecimento tentaram apaziguar a situação.
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