Tribunal no RS julga Bolsonaro por comparar cabelo de apoiador a ‘criatório de barata’
Por: Mari Furtado*
16 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – Cinco dias após ter sido condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre (RS), retoma, nesta terça-feira, 16, julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por declarações consideradas racistas feitas em 2021.
As acusações têm como base declarações feitas em 8 de julho de 2021, quando Bolsonaro comparou o cabelo crespo de um apoiador a um “criatório de barata” e afirmou que o vermífugo Ivermectina poderia “matar todos os piolhos”. Em outra ocasião, durante a mesma transmissão, questionou quantas vezes o homem tomava banho por mês e falou que ele seria eleito deputado federal “se criarem cota para feios”.
O apoiador declarou, na época, que não se sentiu ofendido e afirmou não ser um “negro vitimista”. Para o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU), as declarações extrapolam a esfera individual e configuram ofensa estigmatizante contra a população negra.
Segundo o documento, comentários que associam cabelo crespo à ausência de higiene reforçam estereótipos que impactam desigualdades raciais, inclusive no mercado de trabalho.
O MPF e a DPU pedem indenização por danos morais coletivos, a retirada de conteúdos discriminatórios das redes sociais do ex-presidente e a implementação de uma campanha de combate ao racismo. Os órgãos solicitam, ainda, que Bolsonaro se retrate publicamente.