Trigo, cevada e soja: economista aponta que produtos podem sofrer aumentos por conta dos conflitos na Europa

Produtos podem apresentar alta nos preços Foto: Divulgação

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS – A batalha travada entre Rússia e Ucrânia tem afetado bem mais que a economia e os civis dos dois países. Inaldo Seixas, coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed-AM) e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), afirma que preços de alimentos essenciais no cardápio do brasileiro podem sofrer alterações.

Tanto Rússia como Ucrânia são grandes exportadores de petróleo e commodities como trigo, cevada e milho. E segundo Seixas, o primeiro impacto já foi sentido nessa quinta-feira, 24, com o valor do dólar. “Chegou a ficar abaixo dos R$ 5, mas encerrou pregão com aumento de 2,02% cotado a R$ 5,10”, disse.

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O barril de petróleo bateu o recorde de 2014 e ultrapassou US$ 100 (chegou a US$ 105). “Desta forma, a gasolina e o diesel ficarão mais caros na bomba, já que a Petrobras acompanha o preço do óleo no mercado internacional”, explicou o economista.

A derivação dos importados sente também a variação do dólar, que os torna ainda mais caros. À REVISTA CENARIUM, o economista listou os principais produtos que devem sofrer aumentos, refletindo no bolso do consumidor brasileiro.

Trigo e Cevada

Dados de fevereiro de 2020 divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e confirmados pelo Conab evidenciam ser da União Europeia a detentora do posto de maior produtora de trigo no mundo. Em 4º lugar vem a Rússia, que apenas em 2021 produziu 76 milhões de toneladas de trigo.

Inaldo lembrou que Rússia e Ucrânia são, respectivamente, o primeiro e o terceiro maiores exportadores de trigo. “Juntos os dois países produzem 14% do trigo global e respondem por 29% das exportações do cereal. Como o Brasil é um dos maiores importadores, os brasileiros deverão sentir os efeitos da crise pelo paõzinho, estendendo-se por produtos como macarrão, biscoitos, rações animais e, claro, a cervejinha”, explicou.

Soja

A Ucrânia produz 16% da soja mundial e 12% do milho. “Se a guerra resultar em restrições no escoamento destes produtos, o custo para rações animais deve subir, impactando as proteínas animais, ou seja, as carnes”, disse.

“Isso pode afetar. E ainda existe o agravante do oleoduto russo, que abastece a Europa com gás, que poderá provocar um aumento da energia na região, e, com isso, provocar inflação que desencadeará na queda do consumo, reduzindo a demanda por produtos exportados pelo Brasil”, salientou.

Fertilizantes

A crise pode também afetar os preços dos fertilizantes importados para os agricultores brasileiros, deixando os alimentos mais caros. “Esse impacto continuará pressionando os preços e mantendo a inflação em patamar elevado (está em 10% ao ano), ao contrário das expectativas do Banco Central que previa um recuo dos preços para meados desse ano”, lembrou o especialista.

Alta nos juros

Ainda segundo Seixas, o Banco Central elevará ainda mais a taxa básica de juros (Selic) com intuito de combater a elevação dos preços para algo em torno de 14%.

“Então, seja pelos efeitos da inflação, seja pela elevação dos juros, haverá efeitos negativos no consumo de bens e investimentos com resultados perversos compostos por ‘carestia’ e recessão, que os economistas denominam como estagflação, uma combinação de inflação alta com recessão econômica, o pior dos mundos”, finalizou.

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