‘Tucumã’: escritora indígena do AP se inspira na Amazônia para escrever livro de poesias infantis

A escritora Lucia Morais Tucuju (Divulgação)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – “‘Tucumã’ é um mergulho poético na Amazônia, através dos pássaros, peixes, comidas e lendas, permeado com as lembranças e memórias da minha avó”. É assim que a escritora indígena Lucia Morais Tucuju, da aldeia Kumarumã, de Macapá (AP), fala com carinho do livro “Tucumã”. A obra de poesias infantis inspiradas na Amazônia é uma leitura poética, que resgata origens e fala da ancestralidade. À CENARIUM, a contadora de histórias, poetisa e atriz falou sobre a inspiração para a obra, que tem o propósito de manter viva a cultura indígena e a cultura da Região Norte.

“Eu tive o objetivo de escrever esse livro para crianças. Na verdade, é um livro que encanta a todos, adultos e idosos, está todo mundo encantado. Mas meu foco mesmo, quando escrevi, é mostrar para as crianças, de forma geral, principalmente, as do Sul e Sudeste, a cultura indígena, a cultura do Norte, a cultura da Amazônia, as palavras, pássaros, animais, comidas, vocabulário”, explica ela, que mora no Rio de Janeiro há 22 anos.

Livro “Tucumã”, escrito por Lucia Morais Tucuju e com ilustrações de Adilson Dias (Divulgação)

O livro foi lançado no último dia 21 de fevereiro, na cidade do Rio de Janeiro, e tem prefácio de Daniel Munduruku. Tem poesias que falam das lendas do Norte, como a Matinta Pereira, que fala dos movimentos da natureza, como a piracema, e outras que falam dos animais, como o bem-te-vi, o tucunaré e a piaba.

PUBLICIDADE

“Então, minha ideia é não deixar morrer, da minha forma, do meu jeito, difundir, espalhar essa cultura que é tão linda, tão rica, diversificada. Que todas as crianças precisam conhecer pelo menos um pouco. A ideia é os professores apresentarem para os professores, e eles apresentarem para os seus alunos”, conta Lucia Tucuju.

Por que “Tucumã”?

O tucumã é o fruto de uma palmeira amazônica, de polpa grudenta e fibrosa. Lucia Morais Tucuju conta que o motivo para nomear a obra com o nome do fruto é porque o tucumã representa, para ela, “força e mistério”.

“Tucumã é uma fruta que me identifico, faz parte da minha infância, eu brincava de bole-bole com caroço de tucumã, tem a questão dos anéis que vovó fazia do caroço de tucumã. Mas ainda é que o caroço de tucumã me passa força, mistério, histórias que são desfolhadas, histórias que são reveladas”, conta.

“É que o caroço de tucumã me passa força, mistério, histórias que são desfolhadas, histórias que são reveladas”, explica Lucia Tucuju sobre o nome do livro (Divulgação)

A escritora

Além de contadora de histórias, poetisa e atriz, Lucia Tucuju também é psicopedagoga, professora, mediadora de leitura e membro da Academia Internacional de Letras do Brasil. É especialista em literatura infantojuvenil, professora de pós-graduação em Literatura Étnico-Racial e Estudos Afro-brasileiros e Indígena, e também palestrante e pesquisadora da cultura e literatura indígena.

Junto à amiga Arlene Costa, Lucia Morais Tucuju criou, em 2009, o projeto Pequenalegria, para levar leitura e conhecimento a escolas públicas, feiras livres e comunidades.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.