Ubiratã: jogo baseado na mitologia indígena destaca personagens do folclore brasileiro

Jogo mostra a história de Guaraci, o deus sol que vive um romance com a indígena Êêma, do povo Sateré-Mawé (Ilustração: Leon Sarmento/Especial para a Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Em homenagem à cultura amazônica, à mitologia indígena e ao folclore brasileiro, amazonenses pretendem lançar, em dezembro deste ano, o jogo de RPG “Ubiratã”. O game mostra o conto de Guaraci, o deus sol que, mesmo casado com a deusa da lua, Jaci, vive um romance escondido com Êêma, uma indígena de beleza encantadora do povo Sateré-Mawé. Segundo a lenda, Guaraci e Êêma têm uma filha chamada Baômi, que cresce como uma criança prodígio e descobre na juventude os poderes semideuses.

Baômi, filha de Êêma, do povo Sateré-Mawé, enfrentando o Mapinguari. Matinta Pereira, ao fundo, aparece vindo da neblina (Ilustração: Leon Sarmento/Especial para a Cenarium)

O jogo é acompanhado de um livro, resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Design Gráfico do ilustrador Leon Sarmento, feito em parceria com mais três pessoas: Brau Saraiva, que roteirizou e criou o sistema do jogo, e o casal Felliphe Wesllen Lima Corrêa e Amanda Pereira Morais, que já possuíam as ideias sobre o conceito dos personagens e criaturas, além de uma lojinha virtual.

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Da esquerda para a direita: Leon Sarmento, Brau Saraiva, Amanda Morais e Felliphe Lima (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Alternativas

Leon Sarmento contou que por conta da falta de incentivo financeiro com patrocínio, a equipe pretende lançar o jogo com a ajuda da plataforma de financiamento coletivo Cartase, arrecadando recursos por meio de doações de voluntários. Segundo o ilustrador, no entanto, o grupo está em busca de alternativas para bancar os custos e aberto a negociação com as editoras.

“Optamos pelo Catarse que é uma plataforma de crowdfunding, onde a gente apresenta uma prévia do material, a galera que curte investe com diversos valores e tem a recompensa que varia de um exemplar do quadrinho, do jogo, até um kit com o jogo completo, mais as camisas com os personagens quadrinho, enfim, temos muitas respostas positivas da parte de quem jogou. O nosso sonho é ver ele rodando as mesas de RPG do Brasil e do mundo, por que não?”, comentou Leon.

Capa do jogo Ubiratã, que tem formato de um RPG (Leon Sarmento/Reprodução)

De acordo com Sarmento, idealizar o projeto como um livro seria a melhor maneira de mostrar ao público o cenário do jogo, detalhando a história dos deuses e das entidades da floresta, tudo em formato de RPG, que é a sigla em inglês para “Role Playing Game” (traduzido para o português como “jogo de representação”. Ou seja, um game onde os jogadores interpretam personagens e criam narrativas em torno de um enredo.

No princípio, a ideia inicial do jogo foi de um colega de classe, que iria fazer o projeto junto com Leon, mas acabou desistindo do curso e o ilustrador precisava de ajuda, até que encontrou Phelliphe, Amanda e Braulino, pois Leon não jogava RPG.

Ao todo, são 25 personagens dentro do jogo Ubiratã, sendo 20 jogáveis. Segundo Leon, quatro personagens se embasam em deuses da mitologia indígena, como Tupã, Jaci, Guaraci e Boiuna, e cinco personagens da cultura folclórica: Mapinguari, Saci, Curupira, Matinta Pereira e Boitatá. “O jogo é um RPG de mesa composto por fichas com as ilustrações dos personagens e suas devidas habilidades que tirando os dois principais, Baômi e Bryan, cada personagem tem uma versão masculina e feminina”, destacou o ilustrador.

Aprendizado

Leon Sarmento destaca que o Ubiratã tem como objetivo ajudar os jogadores no desenvolvimento da escrita e interpretação dos fatos, desenvolvendo ainda o raciocínio lógico e estimulando o aprendizado. Segundo ele, o jogador também ganha mais potencial criativo por meio da interação implementada do jogo, além de aprender a falar de maneira coloquial e a atuar ao assumir o papel de determinado personagem na trama do jogo e agir de acordo com o perfil dele.

O enredo entregue pelo jogo, onde as lendas são da Região Norte, com seres do folclore Amazônico, buscam enriquecer ainda mais a cultura da região, em um ambiente de aprendizado com o ato de jogar. Para Leon Sarmento, o Ubiratã é também uma oportunidade para todo o País e o mundo conhecer os personagens mitológicos da Amazônia.

Baômi descobre poderes sobrenaturais de cura aos 17 anos (Leon Sarmento/Reprodução)

Enredo

Guaraci e Jaci são filhos do poderoso Tupã, o deus trovão e senhor de toda a criação. Mesmo casado com Jaci, o deus do sol se interessa por Êêma, do povo Sateré-Maué. A beleza da indígena faz com que Guaraci pedisse para o personagem Caipora elaborasse um plano para que Iêtuá, marido de Êêma, se perdesse nas matas por uma noite.

Na ocasião, Guaraci toma a forma de Iêtuá, e se deita com Êêma. Do fruto do relacionamento deles, nasce Baômi, que cresceu como uma criança normal, apesar de prodígio. Aos 17 anos de idade, a menina foi ferida por uma lança ao tentar fugir de um casamento forçado.

O ferimento, no entanto, se curou rapidamente durante a fuga e, mesmo na escuridão profunda, a poderosa deusa Jaci percebeu e pediu para que Saci-Pererê a protegesse, como uma forma de observá-la.

À Baômi, Saci ensinou artes místicas e os caminhos da floresta. Por dois anos, eles foram amigos, até que numa noite, Baômi dormiu induzida por Saci, que arrancou três fios do cabelo dela e entregou para Jaci investigar mais a jovem.

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