UBS Fluvial leva serviços de saúde para comunidades ribeirinhas do rio Negro, no Amazonas

Projeto que alinha serviços de saúde pública móvel, a UBS Fluvial é uma espécie de clínica flutuante, que vai até as mais isoladas comunidades do Amazonas, levando profissionais e recursos técnicos, que ajudam a melhorar a vida das pessoas (Reprodução/Alex Pazuello - Semcom)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – A Unidade Básica de Saúde Fluvial Dr. Antônio Levino, chegou nesta sexta-feira, 29, à comunidade Bela Vista do Jaraqui, a maior entre as 15 da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, no rio Negro. Além dos serviços básicos de saúde oferecidos pela Prefeitura de Manaus, as quase cem famílias da área tiveram acesso a testes rápidos para a Covid-19.

A UBS Fluvial iniciou a missão de levar os serviços de saúde às comunidades na última quarta-feira, 27, e seguirá em viagem até a próxima quinta-feira, 4. A estimativa da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), responsável pelo serviço, é de que pelo menos quatro mil pessoas, de 40 comunidades, sejam atendidas em nove dias de viagem que a unidade fluvial deve percorrer.

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Para o diretor da UBS, Assis Cavalcante, o momento é de aprendizado. “Essa pandemia é algo novo, que estamos aprendendo a lidar. Nesse primeiro momento, nossa prioridade são pessoas que apresentam alguma síndrome respiratória, sintomas como gripe e falta de ar, sem esquecer os demais, claro”, adiantou Assis.

Cauteloso, Assis descreve os cuidados diante da realidade. “Esse período é complicado, porque mesmo os ribeirinhos estando em localidades distantes, [eles] têm o costume de ir a Manaus. É preciso todo um cuidado”, observou o diretor da UBS Fluvial.

Entre os demais serviços oferecidos pela UBS Fluvial, além de testes para a Covid-19, estão atendimentos médicos, pré-natal, entrega de medicação, vacina contra a influenza, exames de gravidez, testes de HIV e sífilis, entre outros. A equipe conta com 14 profissionais de saúde, incluindo médico, enfermeira, técnicos de enfermagem e farmacêutico.

‘Jaraqui’

A comunidade Bela Vista do Jaraqui fica a, aproximadamente, uma hora de lancha da área urbana de Manaus, partindo da marina do Davi, no bairro Ponta Negra, zona Oeste da cidade. No local, residem, segundo os líderes comunitários, 108 famílias, que somam mais ou menos 300 pessoas, das quais pelo menos 40% apresentaram algum sintoma, como febre, tosse e dor de cabeça.

Leonildo Pinheiro Lima, 66, é um desses moradores. Morando na comunidade há 28 anos, ele fez o teste para Covid-19 e resultou negativo. Acompanhado da esposa, dona Maria Francisca, aproveitou para fazer outros exames e receber medicações. Além de cuidar, ele defende que o melhor “remédio” para evitar o contágio da doença, é reforçar a higiene e manter o isolamento social.

“Quando adoecia, ia a Manaus, agora não, já se resolve tudo por aqui, graças a Deus”, comemorou Leonildo. Em tom sério, ele comentou. “E com relação a essa maldita doença, querendo ou não, as pessoas devem ficar em casa, porque é de extrema necessidade. Se estiver transitando, você tem mais chance de pegar”, alertou.

“Já tive sintomas, fiz o teste de novo, e agora a contraprova veio negativa”, desabafou, com alívio, após receber o exame e remédios das mãos do farmacêutico da UBS.

A UBS Fluvial, Dr. Antônio Levino, chegou à comunidade do Jaraqui, no rio Negro, mas, o barco pretende ainda, chegar a mais 39 comunidades, perfazendo 40 comunidades atendidas e mais de 4 mil ribeirinhos atendidos (Reprodução/Alex Pazuello – Semcom)

Proibida a entrada

A líder da comunidade, Lourdes Souza Góes, nasceu no local e trabalha com produtos artesanais e de higiene. Para ela, os serviços de saúde dão uma sensação de segurança às pessoas.

“Os ribeirinhos necessitam muito, pois é uma vez por mês que tem médico. Eu acho que melhorou um pouco a situação na cidade [Manaus], então a mensagem que dou é, fique em casa!”, conclamou.

Firme, a líder comunitária, não abre mão da segurança sanitária do local onde vive. “Aqui na nossa comunidade, se vocês perceberem, temos duas placas dizendo que é proibida a entrada de pessoas que não moram na comunidade”, relatou, preocupada.

A comunidade do Jaraqui possui quase 100 anos, desde que chegaram os primeiros residentes do local. “Com esse retorno da Unidade Básica de Saúde, na comunidade, isso vai dar um resultado positivo, pois tínhamos casos suspeitos de Covid-19″, afirmou Raimundo Leite, presidente da associação que engloba a comunidade do Jaraqui.

Aliviado, ele adianta. “Com isso, teremos a oportunidade de testar para saber se em nossa comunidade temos casos positivos e assim prestar o melhor serviço de assistência de saúde, para fazer esse tratamento e ajudar no enfrentamento da doença”, planejou Raimundo Souza.

Agradecimento

Gestor maior de ações dessa natureza, o Prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), se mostrou confiante no impacto positivo da chegada da UBS, às comunidades ribeirinhas. “Onde houver um cidadão manauara, vamos levar os serviços básicos da prefeitura, principalmente, em um momento que nos exige forças para enfrentarmos esse vírus”, enalteceu.

Em tom solene, o gestor aproveitou para exortar o esforço dos profissionais da saúde. “Aproveito para agradecer também aos nossos valorosos profissionais de saúde, guerreiros e guerreiras que estão na linha de frente desse combate, no caso da UBS Fluvial, até abdicando de tempo com suas famílias, para levar saúde aos cantos mais distantes Manaus”, declarou Arthur Neto.

(*) Com informações da assessoria

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