Uma em cada quatro mulheres já sofreu violência doméstica, revela estudo mundial

Manifestante segura cartaz de "Basta" durante protesto contra violência contra a mulher em La Paz, capital da Bolívia (31-1-22). (JORGE BERNAL / AFP)

Com informações do InfoGlobo

SÃO PAULO — Ao menos uma em cada quatro mulheres já sofreu algum tipo de violência por parte do parceiro ao longo da vida. São casos de violência física ou sexual que também se revelam recentes: 13% dos episódios aconteceram em 2018, último ano incluído em um estudo mundial encomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado na revista científica “The Lancet”.

A pesquisa reuniu informações de um banco de dados global da OMS sobre prevalência da violência contra as mulheres, que reúne pesquisas realizadas em 161 países entre os anos de 2000 e 2018  (últimos dados disponíveis). A análise dos relatos indica que 27% das mulheres com idades entre 15 e 49 sofreram violência doméstica pelo menos uma vez na vida, com uma a cada sete (13%) sofrendo episódios em 2018.

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Como as estimativas são baseadas em experiências relatadas pelas próprias mulheres, e considerando que o tema ainda é tabu em muitos países, a verdadeira prevalência de violência, lembra o estudo, provavelmente é ainda maior.

A experiência deixa marcas na saúde física e mental das mulheres – e também de crianças e famílias em todo o mundo. E muitas vezes começa cedo. A pesquisa identificou altos níveis de violência vivenciados por adolescentes e mulheres jovens: 24% das mulheres de 15 a 19 anos foram agredidas ao menos uma vez pelos parceiros desde os 15 anos. 

A prevalência de violência recente também foi maior entre essa mesma faixa etária. Uma em cada seis adolescentes de 15 a 19 anos e de mulheres jovens de 20 a 24 anos sofreu violência doméstica em 2018.

 “O alto número de mulheres jovens que sofrem violência por parte do parceiro é alarmante, pois a adolescência e o início da vida adulta são fases importantes da vida, quando são construídas as bases para relacionamentos saudáveis. A violência que essas jovens sofrem tem impactos duradouros em sua saúde e bem-estar”, explica Lynnmarie Sardinha, principal autora do artigo.

O estudo também faz um recorte geográfico e mostra que, em geral, países de renda mais alta apresentam taxas mais baixas de violência doméstica. A prevalência de violência contra a mulher de 15 a 49 anos foi mais alta na Oceania (49%) e na África Subsaariana Central (44%). Por outro lado, foi mais baixa na Ásia Central (18%) e na Europa Central (16%).

Piora na pandemia

Os dados foram colhidos antes da pandemia da Covid-19, mas o estudo reforça que outras pesquisas recentes mostram como fatores como isolamento, depressão, ansiedade e uso de álcool, além da redução de acesso a serviços de ajuda na pandemia, agravaram os casos de violência contra as mulheres.

Além de expor a dimensão mundial do problema, o estudo pretende oferecer dados de base para ajudar os governos de diferentes países a monitorar e estabelecer políticas públicas de prevenção e combate à violência contra a mulher. A pesquisa avalia que os governos ainda não estão agindo para cumprir as metas de erradicação de violência contra as mulheres e que é urgente tomar ações. O tema é parte da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.

 “Embora tenha havido progresso nos últimos 20 anos, ainda é extremamente insuficiente para alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de eliminar a violência contra as mulheres até 2030”, disse a coautora do estudo, Claudia García-Moreno, da OMS.

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