Professores da Universidade Estadual do Pará usam cocar durante solenidade de formatura

Usando os cocares, elemento essencial na cultura indígena, os novos professores fizeram o juramento tradicional (Agência Pará/ Divulgação)

Com informações da assessoria

BELÉM, PA – A Universidade do Estado do Pará (Uepa) realizou na tarde dessa quinta-feira, 14, a solenidade de outorga de grau de 100 concluintes do curso de Licenciatura Intercultural Indígena. A cerimônia, presidida pelo reitor Rubens Cardoso, foi realizada no formato online e transmitida simultaneamente para as turmas compostas por 33 colandos Tembé Gurupi; 22 do povo Assurini do Trocará e 45 do Território Etnoeducacional Tapajós-Arapiuns.

Ao chegar aos auditórios dos respectivos campi de Paragominas e Tucuruí (na região sudeste) e Santarém (no oeste), os concluintes receberam os diplomas e assinaram a ata. Em seguida, sentaram com os paraninfos. Com as devidas medidas de segurança contra o novo coronavírus, os formandos não deixaram de valorizar a cultura tradicional, levando os cocares para a cerimônia. A peça caracteriza a personalidade do índio dentro da comunidade.

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Cada turma teve um orador, que relembrou a trajetória do curso e festejou a conquista após quatro anos de estudos. A turma de Paragominas foi representada pela aluna Gleice Patrícia Tembé, e em Santarém, a escolhida foi Lidiane Alves de Souza. De Tucuruí, Waremoa Assurini agradeceu aos professores do curso, e enfatizou seu papel a partir de agora. “Chegamos a esse objetivo por causa deles, pelo ensino deles, e pela nossa força de vontade também. Parabéns a todos nós! Com certeza é um ano de vitórias e retorno a nossa comunidade, em que nós levamos conhecimento. Nós, como professores, temos que ter responsabilidade. Cabe a nós seguir e fazer bonito”, afirmou.

No juramento, a dinâmica foi a mesma de cerimônias presenciais. Cada turma fez, simultaneamente, os votos profissionais. Os juramentistas foram os concluintes Niqueias Leitão, da turma Tembé Gurupi; Wakamuwia Assurini, de Tucuruí, e Elivânia Duarte Pedroso, de Santarém.

A oferta da graduação Intercultural Indígena faz parte da Política Indigenista da Uepa, executada por meio do Núcleo de Formação Indígena (Nufi). Com esta formatura já são nove turmas graduadas, entre os anos de 2012 a 2020.

Horizonte sem fim

O governador Helder Barbalho enviou um vídeo aos concluintes, parabenizando aos três povos pela conquista. “Que essa formação possa oportunizar um futuro fantástico, no horizonte que apenas a educação é capaz de trazer, um horizonte sem fim, através do conhecimento. Parabéns a todos! É com profunda felicidade que participo desse momento singular de formação, de liberdade pelo conhecimento, e acima de tudo do respeito e reforço a nossa cultura, a nossa história, as nossas raízes”, disse o chefe do Executivo e chanceler da Uepa.

Para a coordenadora do curso, Joelma Alencar, esta não foi apenas mais uma formatura. “É muito importante nós compreendermos o significado desse momento. Nós temos aqui, nas mãos desses professores, projetos de vida de toda uma comunidade, que deposita todas as perspectivas na formação das futuras gerações. Esse é só um primeiro passo. Nós temos especialização, mestrado e doutorado, e vocês serão o que quiserem, porque são guerreiros”, afirmou.

O reitor Rubens Cardoso frisou a importância de parceiros para a realização do curso de Licenciatura Indígena, sem os quais seria difícil a tarefa de formar profissionais em um estado tão extenso quanto o Pará. 

Ele também relembrou a trajetória da Uepa e a missão diante da população. “Essa Universidade pertence a todos os paraenses. É nossa. E toda vez que cumpre sua função principal, de formar profissionais éticos, a população paraense tem nessa oferta uma legítima entrega e representação das alavancas necessárias para melhoramos nosso processo de transformação estrutural. Todos nós sabemos que a educação pública passa por dificuldades, e essa reflexão precisa ser feita nessa possiblidade de nós produzirmos transformação estrutural. Essa não é uma conquista isolada dos graduandos, mas que deve ser partilhada com os 8,5 milhões de habitantes do Pará”, acrescentou.

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