Com informações da Folha de São Paulo
SÃO PAULO — As vacinas contra o vírus influenza A (H3N2) que vão contemplar a nova cepa Darwin, responsável pela epidemia de gripe em São Paulo e em outros Estados do País, só devem chegar ao Brasil no início de 2022.
Segundo Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac), é muito improvável que se consiga importar o imunizante antes disso porque, no momento, as fábricas do mundo estão produzindo as cepas direcionadas ao hemisfério norte.
A atualização da vacina, um procedimento feito duas vezes ao ano sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), é necessária porque a versão atual não inclui a variante Darwin. O imunizante disponível até agora, portanto, não garante proteção contra essa cepa específica.
Apesar disso, a cidade de São Paulo, em meio à epidemia, vive uma corrida às clínicas particulares de imunização, com não vacinados em busca de doses. Tomar vacina agora, no entanto, destacam especialistas, é uma ajuda contra outras variantes e pode evitar uma sobrecarga dos sistemas de saúde, mas não deve ser pensada exatamente como barreira para a Darwin.
“As nossas cepas, que são diferentes, só vão entrar em produção a partir de agora. Até chegar ao Brasil, ter liberação da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], é um processo que leva tempo. A gente está tentando antecipar um pouco, mas, pela própria capacidade de produção, é muito difícil”, diz Barbosa.
O SUS e a rede privada devem receber imunizantes já com a cepa Darwin. Ela constará tanto nas vacinas influenza trivalente (distribuídas na rede pública) quanto nas tetravalentes (disponíveis nas clínicas privadas).
O Instituto Butantan, que fornece todos os imunizantes contra influenza comprados pelo Ministério da Saúde, começou a produzir a vacina em setembro e promete a entrega em março, como em anos anteriores. De acordo com o instituto, fica a cargo do governo federal uma possível antecipação da campanha de vacinação. Em 2021, por exemplo, ela foi iniciada em abril.
Como o produto contém três cepas, a fábrica do Butantan, em São Paulo, prepara o imunizante contra cada uma delas em períodos separados. Nos intervalos, o ambiente precisa ser limpo antes de se dedicarem à próxima variante. A composição que contemplará a nova cepa Darwin, por exemplo, será produzida a partir de janeiro.
Para Barbosa, da ABCVac, os inesperados surtos de gripe influenza A em São Paulo e em outros Estados estão relacionados à baixa cobertura vacinal e ao turismo.
“Um turista do hemisfério Norte contaminado com essa cepa nova pode ter trazido. Daí o aumento de casos em cidades turísticas como o Rio, Salvador, São Paulo.”
Segundo ele, a grande luta tem sido conscientizar as pessoas que a cobertura vacinal é preventiva, não tem resposta imediata. “A vacina não chega rápido, não tem para todo mundo ao mesmo tempo.”
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