‘Vacina pode ser conciliada com crenças e rezas’, diz primeira indígena vacinada contra Covid-19

Primeira indígena vacinada contra Covid-19 enalteceu a ciência e explicou que crenças e costumes nativos devem ser aliados à vacinação (Divulgação)

Com informações da assessoria

SÃO PAULO – A técnica em enfermagem e assistente social Vanuzia Costa Santos, de 50 anos, moradora da aldeia multiétnica Filhos Dessa Terra, de Guarulhos, em São Paulo, se tornou a primeira indígena do Brasil a se vacinar contra a Covid-19. Na ocasião, nesse domingo, 18, ela disse que o uso da vacina não invalida as crenças e costumes nativos do seu povo.

“Fiquei muito feliz de participar deste momento. Sou defensora da vida, de outras vacinas, da prevenção e da saúde. Devemos valorizar a educação, a ciência, e isso pode ser conciliado mantendo uma crença, com as rezas e a medicina tradicional do meu povo”, afirmou Vanuzia.

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De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até esse domingo, 17, 45.807 indígenas do país foram contaminados pela Covid-19 e 923 não resistiram às complicações da doença. Ao todo, 161 povos foram afetados diretamente com a pandemia.

A primeira indígena vacinada também preside o Conselho do Povo Kaimbé, originário do Nordeste e decidiu estudar, lutar por direitos e um dia retornar para cuidar dos moradores da aldeia de Massacará, na cidade baiana de Euclides da Cunha, onde nasceu.

Vanuzia detalhou a atuação no engajamento de demais famílias indígenas sobre a importância da imunização. A indígena ainda orientou as comunidades sobre a suscetibilidade aos vírus, relembrando sua experiência como técnica de enfermagem na Casa do Índio, onde trabalhou por dez anos.

Perfil

Atualmente, a aldeia de Massacará tem cerca de 200 famílias, com representantes de pelo menos 180 delas residentes em São Paulo. Vanuzia veio para o estado em 1988 para trabalhar e se aprimorar na carreira profissional.

Vanuzia concluiu a graduação em Assistência Social com bolsa integral pela PUC-SP no ano passado, com aulas a distância no último ano devido à pandemia. “O sinal era horrível na aldeia, corria com guarda-chuva para baixo de uma árvore. Fiz meu TCC inteiro pelo celular”, contou. Agora, pretende fazer residência em Saúde Mental para continuar a contribuir com seu povo e manter viva a herança dos ancestrais.

Ela também relatou o drama que viveu com a Covid-19 e os sintomas mais severos em maio passado. Solteira, com um filho de 24 anos, Vanuzia descreveu o sofrimento provocado pela doença: dores no corpo, tosse e severa falta de ar, além da ausência de olfato e paladar que persiste até hoje.

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