Vale e indígenas Gavião chegam a acordo e ferrovia é liberada no Pará
Por: Fabyo Cruz
17 de março de 2025
BELÉM (PA) – Indígenas da etnia Gavião celebraram com cantos e danças tradicionais o acordo firmado com a mineradora Vale S.A e mediado pelo Ministério Público Federal (MPF), que resultou na liberação da Ferrovia Carajás, no sudeste do Pará. O acerto ocorreu na última sexta-feira, 14.
O grupo havia bloqueado a via desde o dia 9 de março em protesto contra a ocupação irregular de parte da Terra Indígena (TI) Mãe Maria e conseguiu garantir a revisão do termo de compromisso já firmado com a empresa. Segundo a Vale, que opera a via, a circulação do trem será retomada nesta segunda-feira, 17.
Os indígenas alegam que a Vale ultrapassou os limites de atuação na região, ocupando aproximadamente 500 metros dentro da TI Mãe Maria, localizada entre os municípios de Bom Jesus do Tocantins (PA) e Marabá (PA). O território, homologado em 1986, abriga quatro povos indígenas e conta com 32 aldeias, que dependem da área afetada para sua subsistência.

As lideranças cobram há mais de um ano um posicionamento da mineradora sobre a ocupação da área. Entre as reivindicações, estão a alteração do trajeto da ferrovia ou a compensação territorial com a aquisição de terras equivalentes nos arredores.
“Eles cumpriram o acordo conosco, por isso a ferrovia foi liberada”, afirmou o cacique Zeca Gavião à CENARIUM.
Posicionamento da Vale
Em comunicado à imprensa, a Vale declarou que “está aberta ao diálogo com a comunidade e o Poder Público” e que tem cumprido integralmente as obrigações previstas em acordo aprovado pelas associações indígenas e homologado pelo Poder Judiciário.

A mineradora também afirmou que “respeita o legítimo direito à manifestação”, mas que as interdições não devem impedir o direito de ir e vir da população e nem comprometer a segurança das pessoas e das operações ferroviárias.
Impacto da paralisação
A Ferrovia Carajás, uma das principais rotas de escoamento de minério de ferro do País, tem 892 quilômetros de extensão e um fluxo intenso de trens. Além do trem de passageiros, que transporta cerca de 1.300 pessoas por dia entre 27 cidades, outros 60 trens circulam diariamente pela via, transportando minério e combustível.