‘Vamos aquilombar os espaços’, diz paraense em evento em Brasília
20 de maio de 2024

Raisa Araújo – Da Revista Cenarium
BELÉM (PA) – Quilombos de diversas regiões do Brasil reuniram-se em Brasília, no II Aquilombar, um dos maiores eventos quilombola do País, na última quinta–feira, 16. Uma das comunidades participantes foi o quilombo Jacunday, localizado no município de Mojú, no Pará. “Nós vamos aquilombar os espaços, demarcar nosso território”, destacou à REVISTA CENARIUM o paraense Reissan Valadares.
O evento, organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), contou com uma grande marcha, partindo da Fundação Nacional das Artes (Funarte) em direção ao Congresso Nacional, que foi palco de debates sobre a regularização de territórios quilombolas, o combate à violência, e questões relacionadas à defesa da Educação Escolar Quilombola.
“Esse espaço de Brasília, feito para deputados e senadores brancos, não é feito pra gente. Por causa de onde a gente vem, de como a gente fala, de quem a gente é e da cor da nossa pele, a gente vai se fazer presente, mostrar a nossa força, mostrar nosso batuque, e eles vão ter que nos ouvir”, destacou o quilombola.

San, como é mais conhecido, é estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal do Pará (UFPA), pesquisador do Grupo Nacional de Realizadoras Quilombolas e gestor financeiro do projeto Perpetuar, que é uma iniciativa coletiva que busca fornecimento das identidades, ancestralidades e territorialidades quilombolas por meio da arte, cultura, saúde e educação no território de Ambaçu.
Para ele, a importância de participação dos povos do Norte no evento vai além das questões sociorraciais. “Nesses espaços são debatidas pautas dos povos das florestas só que sem a gente (…) Em Brasília, reivindicamos isso com o objetivo de conquistar esse espaço, pois em 2025 vai ter a COP30 no Pará e a gente pretende estar presente como linha de frente dessa atividade do Aquilombar e da COP30”, afirmou.
Aquilombar
Além da marcha, o Aquilombar também contou com uma série de atividades paralelas, como feira temática quilombola, oficinas, atendimento jurídico, espaço dedicado às crianças chamado Quilombinho, e rodas de conversa. Além das pautas de destaque, o evento também discutiu Direitos das Mulheres/Defensoras, da Saúde, da Juventude e da comunidade LGBTQIAPN+, entre outras.