‘Variante amazonense’: turista do AM relata xenofobia em viagem a Nordeste

Registro mostra movimentação de amazonenses em uma das principais ruas do comércio de Manaus (Reprodução/ Internet)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma turista amazonense, que preferiu não se identificar, relatou à REVISTA CENARIUM ter sofrido xenofobia durante viagem a Fortaleza, no Ceará. Segundo a amazonense, a causa do preconceito é a associação negativa com a nova variante de Covid-19, que foi identificada recentemente no Amazonas. Na noite dessa terça-feira, 26, o Jornal Nacional, da Rede Globo, veiculou reportagem sobre a nova variante identificada no Amazonas, denominando-a “variante amazonense”.

Na capital cearense, a turista contou que tem preferido não falar que viajou de Manaus. “Nossa imagem anda bem queimada aqui. Ouvimos falar mal de Manaus por todos os lados por conta dessa nova cepa. Temos a preocupação de começarem a proibir a entrada de pessoas de Manaus em cidades do interior onde tem praias belíssimas”, relatou.

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Outra amazonense que viajou recentemente a Fortaleza, a administradora Camila Santiago, contou à reportagem que evitava falar que tinha saído do Amazonas. “Tinha receio de sofrer algum tipo de preconceito ou retaliação. Na praia, os cantores perguntavam se tinha amazonenses ali e eu ignorava, para não me expor porque sabia o que estava acontecendo”, contou.

Para o sociólogo Israel Pinheiro, esse preconceito é considerado xenofobia. “A xenofobia é um preconceito principalmente com populações diferentes ou de nacionalidade diferentes. O que está acontecendo é um pânico pela falta de informações ou informações falsas sobre a Covid e a nossa região”, afirmou Israel.

Nova variante

A nova variante do coronavírus tem maior potencial de transmissão e foi identificada inicialmente em viajantes japoneses que tinham passado pelo Amazonas. No Estado, a circulação da nova variante ocorre em meio à sobrecarga do sistema de saúde amazonense, com recorde de internações por Covid-19 e falta de oxigênio para pacientes.

O último boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), dessa quarta-feira, 26, informou que foram registrados 1.222 novos casos de Covid-19, totalizando 250.935 casos da doença no Estado. De acordo com o boletim, foram confirmados 86 óbitos por Covid-19, sendo 56 ocorridos no último dia 24 e 30 óbitos foram encerrados por critérios clínicos, de imagem, clinicoepidemiológico ou laboratorial, elevando para 7.232 o total de mortes.

Entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 1.924 pacientes internados, sendo 1.258 em leitos (524 na rede privada e 734 na rede pública), 624 em UTI (287 na rede privada e 337 na rede pública) e 42 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde.

Casos em São Paulo

Segundo a reportagem do Jornal Nacional, o Instituto Adolfo Lutz confirmou a identificação de três pessoas contaminadas com a nova variante em São Paulo, todas com histórico de viagem ou residência em Manaus.

Pesquisadores do Observatório Covid-19 BR mapearam os aeroportos do país com base nos deslocamentos mais frequentes antes da pandemia, saindo de Manaus, e identificaram que os locais com maior risco de contaminação são: São Paulo (os três aeroportos, Congonhas, Guarulhos e Vira-Copos), Brasília, Rio de Janeiro (Santos Dumont e Galeão), Belo Horizonte (Cofins) e as cidades de Vitória, Salvador, Recife, Fortaleza, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

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