Variante do HIV mais transmissível e agressiva é encontrada na Holanda

O HIV é o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). A Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) estima que 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo em 2020, ano em que ocorreram 1,5 milhão de novas infecções. Naquele ano, estima-se que 680 mil pessoas morreram por problemas de saúde relacionados à Aids (contra 1,9 milhão em 2004 e 1,3 milhão em 2010).Em 2020, 73% das pessoas com HIV tinham acesso a tratamento, hoje feito à base de medicamentos —muitas vezes apenas uma pílula tomada diariamente— e considerado muito eficaz.CARGA VIRAL DE 3 A 5 VEZES MAIOR O HIV tem alguns subtipos, fortemente relacionados à localidade. Por exemplo, na África, os subtipos mais comuns são A, C e D; na Europa, o subtipo B. Segundo um estudo publicado no ano passado, no Brasil, o subtipo B também é o mais frequente.Wymant explica que, dentro dos subtipos, há a ramificação em variantes."Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é. Especialmente uma com maior virulência", diz o pesquisador."O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características."No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido.Os pesquisadores dizem que, possivelmente, a variante foi resultado de mutações que aconteceram ao longo do tempo e só foi revelada agora por alguns motivos —como o fato de o sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV ser relativamente recente.A investigação sobre a variante começou porque cientistas envolvidos no projeto BEEHIVE detectaram 17 indivíduos com uma carga viral atipicamente alta. O BEEHIVE foi criado em 2014 com o objetivo de monitorar a influência da genética nas infecções pelo HIV, e faz isso acompanhando a saúde de pacientes em países da Europa e em Uganda. Conforme os pesquisadores foram analisando geneticamente as amostras destes e mais pacientes, detectaram uma nova variante."Consideramos que o vírus (na forma da variante VB) emergiu apesar de um forte programa de tratamento na Holanda, e não por causa dele. O outro lado da moeda é que o excelente monitoramento na Holanda tornou mais provável a detecção de uma variante como essa", aponta Wymant (Reprodução/Getty Images)

Com informações da Folhapress

SÃO PAULO – Uma nova variante do vírus do HIV, descrita como “altamente virulenta”, foi revelada nesta quinta-feira, 3, em um artigo, na revista científica Science.

Batizada como “variante VB”, abreviação em inglês para “variante virulenta do subtipo B”, ela demonstrou ser capaz de levar a uma maior carga viral, no sangue, em comparação com outros tipos do vírus; de ser mais transmissível; e de diminuir mais rapidamente as células de defesa T-CD4 do corpo.

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Os autores da pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade Oxford, na Inglaterra, estimam que a variante surgiu na Holanda entre o final dos anos 1980 e a década de 1990, se espalhou nos anos 2000 e passou a perder força a partir de 2010. Mas esta é a primeira vez que a variante é descrita e mapeada em indivíduos — a infecção pela VB foi confirmada em 109 pessoas analisadas no estudo, a grande maioria, na Holanda. Os pesquisadores detectaram também um caso na Suíça e outro na Bélgica.

Um dos autores, o pesquisador Chris Wymant, explicou por e-mail, à BBC News Brasil, que os resultados não devem preocupar a população, porque a resposta ideal a essa e outras variantes do HIV já existe: testes e tratamento.

Aliás, está aí uma boa notícia do estudo. Em comparação com outros tipos de HIV, a variante VB mostrou ser mais virulenta, transmissível e agressiva em pessoas que ainda não tinham passado por tratamento. No entanto, depois do tratamento, pessoas com a variante VB passaram a apresentar recuperação de células CD4 e indicadores de mortalidade semelhantes aos daquelas com outros tipos de HIV.

“A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato”, escreveu Wymant, pesquisador sênior da Universidade de Oxford e especialista na evolução dos vírus.

O HIV é o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). A Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) estima que 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV, no mundo, em 2020, ano em que ocorreram 1,5 milhão de novas infecções. Naquele ano, estima-se que 680 mil pessoas morreram por problemas de saúde relacionados à Aids (contra 1,9 milhão em 2004 e 1,3 milhão em 2010).

Em 2020, 73% das pessoas com HIV tinham acesso a tratamento, hoje, feito à base de medicamentos — muitas vezes apenas uma pílula tomada diariamente — e considerado muito eficaz.

Carga viral de 3 a 5 vezes maior

O HIV tem alguns subtipos, fortemente relacionados à localidade. Por exemplo, na África, os subtipos mais comuns são A, C e D; na Europa, o subtipo B. Segundo um estudo publicado no ano passado, no Brasil, o subtipo B também é o mais frequente.

Wymant explica que, dentro dos subtipos, há a ramificação em variantes.

“Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é. Especialmente, uma com maior virulência”, diz o pesquisador.

“O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características”.

No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido.

Os pesquisadores dizem que, possivelmente, a variante foi resultado de mutações que aconteceram ao longo do tempo e só foi revelada agora por alguns motivos — como o fato de o sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV ser relativamente recente.

A investigação sobre a variante começou porque cientistas envolvidos no projeto BEEHIVE detectaram 17 indivíduos com uma carga viral atipicamente alta. O BEEHIVE foi criado em 2014 com o objetivo de monitorar a influência da genética nas infecções pelo HIV, e faz isso acompanhando a saúde de pacientes em países da Europa e em Uganda. Conforme os pesquisadores foram analisando geneticamente as amostras destes e mais pacientes, detectaram uma nova variante.

“Consideramos que o vírus (na forma da variante VB) emergiu, apesar de um forte programa de tratamento na Holanda, e não por causa dele. O outro lado da moeda é que o excelente monitoramento, na Holanda, tornou mais provável a detecção de uma variante como essa”, aponta Wymant.

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