Vazante em rios da Amazônia é ‘cenário de preocupação’, diz especialista

Seca registrada no Rio Negro, nas proximidades de Manaus (Divulgação)
Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Após a maior seca dos últimos 100 anos ser registrada em 2023, especialistas apontam que os níveis atuais dos rios Amazonas, Acre, Negro e Solimões podem levar a região a um novo recorde de vazante neste ano. Segundo o ambientalista Carlos Durigan, a intensificação dos efeitos do aquecimento global nas últimas décadas tem feito com que a população vivencie períodos extremos e causadores de grandes transformações nos ciclos de chuvas e, consequentemente, nos regimes hidrológicos dos rios na Amazônia. 

“Somente neste período curto inicial da década de 2020, já tivemos a maior cheia em 2021 e a maior seca em 2023. A seca de 2023 teve seu agravante relacionado também a um período sob efeito El Niño, fenômeno relacionado a secas mais intensas sobre a região”, explicou o ambientalista.

Seca histórica no Amazonas que ocorreu em 2023 (Divulgação)

O profissional destacou, ainda, a importância da gestão pública se manter atualizada pelos dados de monitoramentos realizados pelas instituições competentes ao clima e ao meio ambiente. “Considerando o cenário de aquecimento global que só se agrava, o cenário é ainda de preocupação, pois diante deste quadro é possível ainda que entremos em um período de verão amazônico de baixa incidência de chuvas, o que levaria a um quadro similar ao do ano passado, apesar de ser ainda difícil estimar a intensidade da estiagem”, apontou.

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Rio Negro em junho de 2024 (Divulgação)

Durigan definiu o cenário vivido na Amazônia atualmente como “desafiador e incerto”, e chamou a atenção para o impacto que esses eventos de aumento de temperaturas e diminuição de chuvas na Amazônia causam a milhões de espécies, incluindo os humanos.

“Ano após ano, estamos perdendo nosso patrimônio natural para queimadas e degradação causada por este aquecimento. Muitos estudos já mostram o agravamento de questões sanitárias, seja pelo ambiente mais propício à proliferação de doenças diversas, seja pela contaminação pela inalação de fumaça de queimadas e consumo de água contaminada”, declarou o ambientalista.

Níveis dos rios

Estável há sete dias, o rio Amazonas registrou no último domingo, 15, o seu primeiro movimento de descida do ano, que preocupou os ambientalistas. No mesmo dia, o nível do rio Acre na capital Rio Branco (AC), chegou a apenas 1 metro e 95 centímetros, de acordo com monitoramento do Serviço Geológico do Brasil.

Já os rios Negro e Solimões também apresentaram sinais de descida. Conforme registro de medição do porto de Manaus, o rio Negro se estabilizou nesta segunda-feira, 17, a três metros do nível considerado normal. E o rio Solimões perdeu quase dois metros e meio de água desde o início do mês de junho.

Leia mais: Governo Lula se prepara para estiagem severa na Amazônia, alerta secretária de Mudança do Clima
Editado por Jadson Lima
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