Veja o que Mauro Cid disse a Moraes em interrogatório no STF
Por: Lucas Thiago
09 de junho de 2025
MANAUS (AM) – Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid deu detalhes, nesta segunda-feira, 9, sobre a participação dos integrantes suspeitos de integrar o “Núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado. O interrogatório, que marca a reta final da fase de instrução do processo penal, foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Ao todo, serão ouvidos oito acusados de integrarem o também chamado “núcleo crucial”, dentre eles Bolsonaro, que será o 6º a falar. Ele é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como peça-chave da organização criminosa que atuou pela ruptura democrática. Durante o mês de maio, a Corte ouviu testemunhas de defesa e de acusação.
No interrogatório, Moraes questionou Cid sobre a participação dos integrantes do Núcleo 1 sobre a tentativa de golpe. Em relação ao denominado “gabinete do ódio”, o tenente-coronel afirmou que Bolsonaro era diretamente responsável por operar e encaminhar, por meio de suas redes sociais, ataques aos ministros.

Ao ser questionado por Moraes se Bolsonaro tinha recebido e também lido chamada “minuta do golpe”, documento que visava uma possível tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, Cid respondeu: “Sim senhor, recebeu e leu”.
O ex-ajudante da Presidência contou que o ex-presidente Jair Bolsonaro se sentou com o auxiliar Filipe Martins para editar a minuta golpista. Segundo Cid, Bolsonaro “enxugou o documento, retirando a prisão de autoridades”. “Somente o senhor ficaria preso”, disse Cid a Moraes.

Ainda em resposta ao ministro do Supremo, o ex-ajudante de ordens confirmou que no documento do golpe, além de prever a prisão de ministros do Supremo, constava a prisão do presidente do Senado na época, Rodrigo Pacheco, e outras autoridades do Judiciário e do Legislativo.
Mauro Cid contou, ainda, que recebeu dinheiro do general Braga Netto no Palácio do Alvorada, cujo valor foi repassado ao major Rafael de Oliveira, que integra o grupo conhecido como “kids pretos”, composto por militares das Forças Especiais do Exército.
“Eu fui procurar o general Braga Netto para saber se havia alguma maneira de ajudar. O general Braga Netto trouxe o valor em dinheiro que foi passado para o major Oliveira. Eu passei no próprio Palácio do Alvorada. O valor estava guardado em uma caixa de vinho”, contou o delator.

Cid também descreveu Braga Netto como pertencente de um grupo moderado dentro do governo no sentido de pressionar o ex-presidente Bolsonaro a tomar uma medida com relação ao resultado das eleições.
Segundo Mauro Cid, o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa general Braga Netto era elo entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e os acampamentos montados em frente aos quartéis generais.