Veja quem são os advogados alvo de operação contra ‘mensageiros’ de facção no AM
Por: Ana Pastana
06 de novembro de 2025
MANAUS (AM) – Os advogados Janai de Souza Almeida (OAB 13996/AM), Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo (OAB 12029/AM), Gerdeson Zuriel de Oliveira Menezes (OAB 11164/AM) e Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim (OAB 16260/AM) são apontados pela Polícia Federal (PF) como integrantes de um núcleo jurídico e operacional de uma facção criminosa que atuava no sistema prisional do Amazonas. Eles foram alvos da “Operação Roque”, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 6, em Manaus (AM).
As investigações, segundo a PF, apontaram que os profissionais, com acesso privilegiado ao sistema prisional, vinham replicando ordens, bilhetes e deliberações estratégicas de uma facção com atuação predominante na Região Norte, como uma espécie de “mensageiros”, simulando atos de advocacia para ocultar comunicações ilícitas e repasses financeiros.
Veja o momento da prisão do advogado Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo:
A CENARIUM realizou consulta no Cadastro Nacional dos Advogados (CNA), que reúne informações como número de inscrição, seccional e situação profissional dos juristas. De acordo com o sistema, os quatro advogados aparecem com situação regular para o exercício da advocacia.
- Janai de Souza Almeida

- Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo

- Gerdeson Zuriel de Oliveira Menezes

- Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim

Investigação
A ação é um desdobramento da “Operação Xeque-Mate”, que teve com alvo o narcotraficante Alan Sérgio Martins Batista, conhecido como Alan do “Índio”, apontado pela PF como chefe de uma facção criminosa atuante no Estado. Segundo as informações, ele era o responsável por dar ordens aos advogados presos nesta quinta-feira.
Leia mais: Operação Xeque-Mate mira principal núcleo do crime organizado no Amazonas

Mandados
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais dos investigados, localizados em Manaus. A ação resultou na apreensão de equipamentos eletrônicos, mídias digitais, documentos e valores em espécie, que serão submetidos à análise pericial.
As investigações também revelaram que as prerrogativas profissionais estavam sendo utilizadas de forma indevida, com o objetivo de manter a hierarquia da organização criminosa dentro e fora do sistema prisional. Essa estrutura permitia a coordenação de represálias, pactos interestaduais e repasses de recursos ilícitos.
O que diz a OAB/AM
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM) informou, na manhã desta quinta-feira, 6, que acompanha o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos contra advogados no Estado.
Em nota, a entidade afirmou que “membros da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais acompanham o cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão em desfavor de advogados”.
A OAB-AM acrescentou ainda que “as violações às prerrogativas verificadas durante a operação estão sendo devidamente apuradas e as providências cabíveis serão adotadas, inclusive com a comunicação à autoridade judicial que expediu os mandados”.
Por fim, a instituição destacou que “permanece vigilante e presta toda a assistência necessária aos advogados e advogadas, reafirmando seu compromisso intransigente com a defesa das prerrogativas da advocacia e com o Estado Democrático de Direito”.
A CENARIUM entrou em contato com os números de contatos disponíveis no registro de Cadastro Nacional dos Advogados (CNA) dos juristas alvos da operação e aguarda o retorno.