Maduro fecha fronteiras, veta observadores e recebe Celso Amorim


26 de julho de 2024
Maduro fecha fronteiras, veta observadores e recebe Celso Amorim
Imagem mostra militares venezuelanos colocando cones em uma rodovia de fronteira (Reprodução/ João Kleber Soares Borges)
Jadson Lima – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro adotou uma série de medidas às vésperas da eleição presidencial no País, marcada para ocorrer nesse domingo, 28. O regime chavista fechou a fronteira da Venezuela com o Brasil e vetou a participação de observadores internacionais que foram convidados pelos candidatos de oposição. Já o Assessor Especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, está no País vizinho para acompanhar o pleito e foi recebido na sexta-feira, 26, por Yvan Gil, o Ministro de Relações Exteriores da Venezuela.

A oficialização do bloqueio da fronteira com o Brasil consta em decreto conjunto do governo venezuelano, publicado na imprensa oficial e divulgado por Hernández Lárez, o comandante estratégico e operacional das Forças Armadas da Venezuela. O texto prevê que as fronteiras com os países vizinhos sejam fechadas a partir de 00h de sexta-feira, 26, até às 8h da segunda-feira, 29.

Nas primeiras horas de sexta-feira, militares venezuelanos foram fotografados colocando cones na rodovia que liga os dois países, na região de fronteira com o Brasil, localizada no município de Pacaraima (RR), no norte do Estado de Roraima. De acordo com as autoridades locais e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), apenas pedestres estão autorizados a entrar no País vizinho. O Brasil também reforçou a segurança na região.

Militares venezuelanos colocam cones em rodovia (Reprodução/João Kleber Soares Borges)

No decreto assinado pelos ministérios da Defesa e das Relações Internas, Justiça e Paz, ficou estabelecido o fechamento de fronteiras para movimentação fronteiriça de pessoas, tanto por via terrestre, aérea e marítima, bem como a passagem de veículos. A medida, justifica o documento, é para prevenir possíveis ameaças à realização das eleições, marcadas para ocorrer no próximo domingo, 28.

Estabelecer o fechamento para movimentação fronteiriça a partir de doze horas e um minuto antes do meridiano (00h01) de sexta-feira, 26 de julho de 2024, até oito horas antes do meridiano (08h00). am) na segunda-feira, 29 de julho de 2024, a fim de salvaguardar a inviolabilidade das fronteiras e prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança da República Bolivariana da Venezuela por ocasião das Eleições Presidenciais do próximo dia 28 de julho“, diz trecho do documento.

Cerca de 21 milhões de eleitores venezuelanos estão aptos a votar na disputa que conta com Nicolás Maduro e outros nove candidatos. O principal nome da oposição para enfrentar o ditador venezuelano é o diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos, que lidera as intenções de votos, segundo as principais sondagens. O voto no País não é obrigatório.

Maduro e a repressão

Nas últimas semanas, Nicolás Maduro fez ameaças caso seja derrotado nas urnas. Ele afirmou que haverá “banho de sangue” e “guerra civil” em caso de derrota para o candidato oposicionista. No entanto, a repressão e ataques contra oposicionistas marcou o processo eleitoral desde o início.

Em março deste ano, a principal candidata da oposição, María Corina Machado, foi impedida de concorrer após ser condenada pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), em um processo que começou em 2015. A maioria dos integrantes da Corte que julgou a ex-deputada por “inconsistências em prestação de contas” são aliados de Maduro.

Críticas a líderes

Além da repressão interna, Maduro fez críticas a líderes regionais após sua declaração sobre banho de sangue. Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “ficou assustado” com a fala de Maduro. “Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue. Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora“, disse o brasileiro.

Um dia depois, na terça-feira, 23, sem citar Lula, Maduro afirmou que “quem se assustou que tome um chá de camomila“. Além disso, Nicolás também atacou o sistema eleitoral brasileiro e disse, sem apresentar provas, que as urnas eletrônicas não são auditáveis.

Em resposta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu o envio de observadores para acompanhar as eleições. “Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo“, disse em nota.

Regime veta observadores

O governo de Maduro intensificou o clima hostil contra os opositores e observadores internacionais nos últimos dias. Nessa sexta-feira, 26, parlamentares convidados pela oposição foram informados que deveriam retornar aos seus países de origem. Um deles é o senador chileno Felipe Kast, que divulgou um vídeo afirmando que estava sendo deportado porque “não cumpriu com as condições com o perfil de ingressar no País“. Ainda segundo o parlamentar, não houve apresentação de qualquer documento que justificasse a medida, que ele classificou como arbitrária.

O regime chavista também determinou a deportação de 12 deputados do Partido Popular da Espanha convidados pela oposição. Além disso, os ex-presidentes de países da região foram impedidos de entrar no País. Entre os ex-chefes de Estado barrados estão: Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México).

Lula envia interlocutor

Mesmo após ataques de Maduro, sem apresentar provas, à confiabilidade das urnas eletrônicas, o governo do presidente Lula manteve a ida do Assessor Especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, para acompanhar a eleição presidencial no País vizinho. Amorim chegou a Caracas, capital da Venezuela, na noite de sexta-feira, 26, e foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores do regime chavista, Yvan Gil.

Assessor de Lula foi recebido por Ministro das Relações Exteriores da Venezuela (Reprodução/Redes Sociais)
Leia mais: Entenda como a eleição na Venezuela afeta a geopolítica mundial
Editado por Jefferson Ramos

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