Verão amazônico pode ofuscar descontos em conta de luz do governo federal

Em Manaus o consumo de energia vem sendo um dos itens essenciais visto que a capital amazonense tem sofrido com o verão amazônico (Pedro Ventura/Agência Brasília)

Victória Sales – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O governo federal está em fase de finalização do programa que dará incentivos para clientes que sejam atendidos por distribuidoras de energia e que irão reduzir o consumo da energia elétrica. Segundo o governo, o consumidor só poderá ganhar o desconto nas contas de luz se diminuir os gastos em, pelo menos, 10%. Mas vale ressaltar que, em Manaus, o consumo de energia vem sendo um dos itens essenciais visto que a capital amazonense tem sofrido com o verão amazônico.

Em entrevista exclusiva à CENARIUM, o economista Origenes Martins destaca que não é difícil calcular o consumo e, por consequência, a redução, mas a prática pode ter alguns entraves. “A aplicação prática desta proposta é um tanto complicada. Poderiam fazer uma política de facilitação a quem quer aplicar sistemas de energia solar, por exemplo, e nestas tarifas aplicar bônus ou valores diferenciados”, destacou.

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Origenes ressalta ainda que a empresa concessionária de energia Manaus Energia está ameaçando impor a certos setores, como os condomínios, por exemplo, um aumento significativo na taxa de iluminação pública. “Está fazendo falta uma política de energia mais uniforme e um tanto mais coerente para nossa cidade, como disse não apenas em relação ao tempo, mas outras características, diferente bastante do resto do País”, explicou.

Programa

Com o consumo mínimo de 10% de redução, o programa garante que o desconto só pode ir até 20%. A decisão faz parte de um pacote de ações ofertadas por conta da maior crise hídrica em 91 anos, o qual tem uma grave ameaça ao fornecimento do produto. Nesta sexta-feira, 27, o governo federal tinha como base o bônus de R$ 1 por cada kilowatt-hora (kWh) do consumo de energia.

Vale ressaltar que o desconto só ocorrerá para quem economizar acima de 10%, abaixo disso não haverá desconto, somente redução pela queda do consumo. Segundo o programa, se uma família consome 200 kWh por mês, ela reduzirá cerca de 160 a 180 kWh.

Afetados

O consumidor e morador de Manaus Leonardo Mota explica que na pandemia da Covid-19 precisou ficar em casa e trabalhar de home office e, por isso, passou a consumir muito mais energia elétrica que antes. “A taxa de consumo era em média 147 kWh e tudo isso dentro da pandemia, dentro do aumento que já era esperado, e quando foi no mês de agosto a conta de luz teve um salto gigantesco, de 147 kWh para 201 kWh o consumo, sendo que foi o mês em que eu e meu namorado já não estamos mais nesse contexto de home office, então a gente passa o dia todo fora de casa”, explicou.

O aumento do consumo, porém, é injustificado. Leonardo explica que sempre tenta comprar aparelhos eletrodomésticos com melhor custo-benefício. “Em relação aos eletrodomésticos, nós somos bem conscientes, que eu sei que por mais que seja alto para o nosso padrão, muita gente gasta muito mais do que a gente. Todos os produtos que nós compramos nós pesquisamos bastante para saber o tanto de energia que vai consumir, inclusive, compramos um ar-condicionado que foi mais caro, mas que nós sabíamos que não consumiria tanto”, afirmou Leonardo.

Já para a autônoma Yoná Lima, ficar em casa está elevando cada vez mais o preço na conta de luz. “Eu não tenho um emprego fixo, então a maior parte do tempo eu fico em casa com os meus filhos, que necessariamente usam televisão e, além disso, ainda tem o ar-condicionado que consome demais e é impossível ficar sem ele durante esse período em que o calor de Manaus está gritante”, destacou.

Yoná destaca ainda que a maior parte do tempo ela e os filhos utilizam o ar-condicionado como uma forma de fugir do calor. “Manaus ultimamente está quente demais, nós estamos atingindo a sensação de 40ºC e isso torna cada vez mais impossível de não ficar no ar-condicionado. Quando não estamos dentro do quarto com o ar ligado, estamos tentando nos refrescar no chuveiro, o que acaba provocando um aumento na luz e na água”, ressaltou.

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