Verão e focos de incêndios causam alerta para agropecuária de Roraima


Por: Ian Vitor Freitas

09 de janeiro de 2025
Roraima já apresentou em 2025 o número de 67 focos de incêndio na região (João Stangherlin/Ibama)
Roraima já apresentou em 2025 o número de 67 focos de incêndio na região (João Stangherlin/Ibama)

BOA VISTA (RR) – O último levantamento do Monitoramento dos Focos Ativos por Estado do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra que o estado de Roraima já apresentou neste começo de ano o número de 67 focos de incêndio na região. As informações causam preocupações e especialistas alertam o setor de agropecuária.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apresentou um informativo na última segunda-feira, 6, sobre a previsão do tempo entre os dias 6 e 13 de janeiro de 2025. Em Roraima, a expectativa é que as chuvas deverão ficar abaixo de 20 mm.

De acordo com o engenheiro-agrônomo e fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Gustavo Menezes, apesar do nível baixo, o Estado ainda deve apresentar uma boa quantidade de chuvas durante o verão.

“É um verão com chuvas acima da média devido à La Niña, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, e isso aumenta a chuva aqui no Estado. Essas chuvas apresentam uma boa intensidade luminosa do sol, fazendo com que as plantas cresçam rapidamente. A umidade do ar é muito baixa e a planta acaba tendo uma evapotranspiração muito forte. Os ventos e a temperatura deixam a planta com baixa quantidade de água e ela passa a pegar fogo de forma mais rápida”, explica.

Gustavo Menezes Domingues, Engenheiro Agrônomo e Fiscal Agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária- ADERR (Reprodução/Redes Sociais)

Por esse motivo, Gustavo alerta os agropecuaristas, pois com as chuvas há uma folga nos cuidados dos pastos e economia em fazer os aceiros, que é uma faixa de terra sem vegetação, criada para impedir a propagação de incêndios em áreas agrícolas ou florestais.

“A temporada chuvosa faz com que os agropecuaristas tendenciem a economizar na hora de realizar os aceiros, podendo então causar grandes perdas de pastagem e empobrecimento dos solos devido ao fogo. Temos dias de intensidade solar e ventos de verão roraimense, que podem, em questão de horas, deixar aquela planta desidratada ao ponto de pegar fogo facilmente”, disse.

Conforme o ambientalista Silvio Teixeira, os principais impactos ambientais resultantes das queimadas são o aumento da temperatura e a qualidade do ar, que piora por conta da fuligem, no qual o vento leva a uma longa distância.

“Esses incêndios afetam principalmente a saúde do ser humano, causando doenças respiratórias, assim como o trânsito nas estradas, que fica difícil de trafegar, causando acidentes. As queimadas também aumentam os riscos de perdas de bens, como casas, plantações e animais, principalmente de pessoas que moram nas zonas rurais, onde normalmente estão mais próximas dos incêndios. Situações como essas já aconteceram no verão passado”, ressalta.

O ambientalista Sílvio Teixeira (Reprodução/Redes Sociais)
Prorrogação das ações da Força Nacional para o combate à incêndios

O Governo Federal publicou nesta quarta-feira, 8, uma portaria que autoriza a prorrogação da Força Nacional em Roraima por mais 30 dias, entre o período de 16 de janeiro a 14 de fevereiro de 2025.

O objetivo é que os agentes prestem apoio às Polícias Civis dos Estados e à Polícia Federal na investigação e combate às causas de surgimento de incêndios por ação humana.

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Editado por John Britto

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