Verde, amarelo e azul: cores do Brasil entram no debate entre direita e esquerda

Manifestação na Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS – As tradicionais cores da bandeira nacional, símbolo da República Federativa do Brasil, entraram no debate político entre direita e esquerda e neste Dia da Independência deverão protagonizar a polarização em curso, no País. Nas redes sociais, são constantes as acusações de “fascista” para quem usar o verde, amarelo e azul como representações de orgulho de ser brasileiro, e “comunista” para quem prefere não usá-las. À CENARIUM, especialistas analisaram o embate entre os “dois lados”.

O Brasil adotou oficialmente a bandeira nacional em 19 de novembro de 1889, substituindo a bandeira do Império do Brasil. As cores verde e amarelo, principalmente, foram adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda durante a campanha presidencial nas eleições de 2018, quando foi eleito. Desde então, as cores têm sido utilizadas por seus apoiadores.

Jair Bolsonaro (sem partido) usa camisa amarela com lema da campanha (Reprodução/ Internet)

O apoio de militares e forças policiais ao governo federal, somado à crescente rejeição da oposição ao presidente, potencializam a aversão à política bolsonarista. Pesquisa PoderData feita entre 30 de agosto e 1º de setembro mostra que a taxa dos que rejeitam votar no presidente permaneceu estável em um mês, oscilando de 61% para 60% – variação dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais. Bolsonaro é o nome mais rejeitado entre os analisados, que inclui Lula (PT), João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e José Datena (PSL).

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De acordo com o cientista político Carlos Santiago, o Brasil concentra, hoje, muita desigualdade, pobreza e fome, e o discurso de patriotismo e a defesa de símbolos e cores da bandeira nacional não têm adesão da maioria da população, alcançando principalmente grupos organizados.

“São ainda usados como nas estratégias de marketing do atual governo federal. Isso tem levado à adesão de brasileiros a cultuar cores da bandeira nacional, mas, também, criar repulsa de outros grupos sociais, como os ligados à oposição e intelectuais. Fica sempre o mesmo recado: não adianta usar a cor da bandeira com a barriga vazia e não a participação efetiva da população nas decisões de governo”, explicou à CENARIUM.

https://twitter.com/karlakcharla/status/1434879989577658372
(Reprodução/Twitter)
(Reprodução/Twitter)

Embate histórico

O embate entre direita e esquerda, vermelho e cores da bandeira do Brasil, não é recente e já teve lugar em outros períodos da história do Brasil. Em 1934, depois da Revolução de 30 e durante a solenidade de promulgação da Constituição de 1934, Getúlio Vargas foi eleito para a Presidência da República. Nesta época, conforme explica o historiador Cleomar Lima, havia duas “facções” no Brasil.

“Não eram partidos, era facções: a direita e a esquerda”, conta ele, lembrando ainda que a direita tinha como representante Plínio Salgado e a esquerda, Luiz Carlos Prestes. “Um defendendo o extremismo de direita, que era ação integralista brasileira, e do outro lado a junção das forças de esquerda, que eram comandada por Prestes. Uma usava muito essa questão do verde, do amarelo, que era o símbolo do fascismo no Brasil. A outra usava o vermelho em função da realidade da oposição naquela época”, destacou Lima.

Com relação aos dias atuais, o historiador conclui que este “7 de Setembro” será de medição de forças, como ocorreu em 1934, o que é perigoso. “São coisas perigosas porque sempre têm pessoas que são descontroladas, não compreendem bem o que é um ato cívico, o que é uma manifestação cívica e acaba descampando para o outro lado”, pontua.

(Reprodução/Twitter)
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