Vereadores do Pará discutem durante ato pró-Palestina em Belém
Por: Fabyo Cruz
21 de maio de 2025
BELÉM (PA) – Uma sessão ordinária na Câmara Municipal de Belém (CMB) foi interrompida por um intenso embate entre parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e do Partido Liberal (PL), na manhã desta quarta-feira, 21, após uma manifestação realizada por ativistas em solidariedade ao povo palestino.
O ato, promovido pelo Grupo Luta por Palestina e acompanhado por militantes da Central Sindical e Popular CSP-Conlutas, foi apoiado pelas vereadoras psolistas Vivi Reis e Marinor Brito, que ocuparam a Galeria do Povo ao lado dos manifestantes.
A manifestação, no entanto, foi duramente criticada por parlamentares do PL, que reagiram com veemência à proposta. O vereador Mayky Vilaca classificou o ato como uma “palhaçada da esquerda” e declarou apoio incondicional a Israel.
“Jamais vamos permitir aqui na Câmara qualquer homenagem aos terroristas que invadiram Israel e matam milhares de mulheres e crianças, diariamente. Nossa solidariedade é com o povo de Israel”, afirmou, exibindo uma bandeira de Israel durante o discurso.
A tensão aumentou quando Mauro Lima, filho do vereador Zezinho Lima (PL), começou a filmar a manifestação. Segundo Zezinho, Mauro teria sido alvo de uma tentativa de agressão por parte de manifestantes. A versão foi rebatida por Vivi Reis, que afirmou que o filho do vereador, junto a seguranças privados ligados ao gabinete de Zezinho Lima, teria provocado os ativistas e, em seguida, agido com violência.
“Esses seguranças intimidaram os manifestantes e chegaram a empurrar as vereadoras. Marinor Brito caiu e torceu o tornozelo. A Câmara é um espaço democrático e não vamos tolerar agressões e intimidações”, afirmou Vivi nas redes sociais.
A presença de seguranças privados dentro da Casa levantou outro ponto de tensão. De acordo com o regimento interno da Câmara, a segurança do prédio é responsabilidade da Guarda Municipal, o que levanta questionamentos sobre a atuação de agentes particulares durante as sessões. Até o momento, a presidência da Casa não se manifestou sobre o ocorrido.
A bancada do Psol afirmou que está tomando as medidas legais cabíveis para responsabilizar os envolvidos e denunciar o que classificaram como violência política e tentativa de silenciamento. Marinor Brito, que se recupera da lesão sofrida, ainda não se pronunciou oficialmente.
Mobilização
A mobilização marcou os 77 anos da Nakba — termo árabe que significa “catástrofe” e remete à expulsão forçada de mais de 750 mil palestinos de suas terras em 1948. Durante a ação, as parlamentares distribuíram uma carta pedindo que a Câmara se posicionasse oficialmente em solidariedade à Palestina e cobraram o fim do bloqueio à ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
“Toda solidariedade ao povo palestino e reafirmo aqui a necessidade da gente garantir a nossa lei municipal de Belém como cidade irmã da Palestina. E por isso hoje nós vamos entregar a todos os senhores e senhoras a carta. Essa carta, ela é do grupo Luta por Palestina e ela também faz esse apelo para que os vereadores e vereadoras também prestem solidariedade ao povo palestino”, disse Vivi Reis.
A vereadora Marinor Brito reforçou o argumento, lembrando a existência da legislação municipal que reconhece a irmandade entre Belém e a Palestina: “Vós queremos lembrar aqui, os senhores e as senhoras vereadoras, que nós temos uma lei municipal, que é a Lei 7.691, que foi aprovada em 94, que declara a cidade de Belém como uma cidade irmã da Palestina. O objetivo dessa declaração é fortalecer os laços de amizade, de solidariedade entre os povos da Palestina. Então nós estamos aqui para declarar a nossa solidariedade, para empenhar os nossos mandatos, o nosso partido”.