Vice de Helder Barbalho é chamada de ‘governadora’ a um ano da eleição de 2026
Por: Fabyo Cruz
25 de setembro de 2025
BELÉM (PA) – A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan Tuma, é apontada como o nome que vai disputar a sucessão de Helder Barbalho (MDB), embora não tenha sido lançada oficialmente como candidata ou pré-candidata ao governo do Estado. Nos bastidores, lideranças do Movimento Democrático Brasileiro e da base aliada já a tratam como “governadora”, em um movimento descrito por um interlocutor do partido como um ambiente de “pré-campanha”.
O aliado do grupo político afirmou à CENARIUM, sob condição de anonimato, que “já está em curso uma ‘pré-campanha’ para ela [Hana Ghassan Tuma]”. “A base do governo tem a determinação de organizar esse processo. Em agendas oficiais, já aparecem cartazes com a imagem dela, e tanto o governador quanto a maioria dos deputados, vereadores e prefeitos aliados a chamam de ‘governadora’. Não há possibilidade de voltar atrás nessa candidatura. Ela é a candidata do governador”, afirmou.
O interlocutor destacou, ainda, o esforço de Hana Tuma em ampliar a presença em compromissos públicos. “Muita gente não acreditava nela, achava que não tinha força política. Mas ela vem se mostrando disposta, participando de agendas inclusive aos sábados e domingos. O trabalho dela está mudando a percepção sobre sua atuação política”, pontuou.

Esse ambiente de fortalecimento da vice-governadora foi reforçado em março de 2025, quando Helder Barbalho, durante discurso no município de Brasil Novo, na região da rodovia Transamazônica, declarou que Hana Tuma será governadora do Estado por um ano, a partir do início de 2026. A afirmação ocorreu em referência à saída prevista do atual governador para disputar as eleições ao Senado.
Hana e Chicão
Nos bastidores, não se cogita mais a substituição de Hana por Chicão, presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) e aliado histórico de Helder. De acordo com a apuração da reportagem, Chicão concentra esforços em uma pré-candidatura ao Senado considerada pouco competitiva.
“Isso não se vê muito no Chicão. Ele está em pré-candidatura ao Senado, mas conduz de forma frágil, pois não tem percorrido o Estado. Já a Hana, ao contrário, está presente, participa de agendas inclusive aos fins de semana, trabalhando. Por isso, o julgamento que se fazia sobre ela vem caindo por terra, e sua atuação tem sido cada vez mais aceita. Resta acompanhar como ficará daqui para frente”, disse o aliado do grupo.
Para ele, a consolidação de Hana Tuma como candidata representa também a manutenção da unidade interna do MDB. “Quem está com Helder Barbalho está com Hana Tuma, não há como se desvincular disso. A base do governo é muito grande, e isso aumenta as chances dela ser eleita”, acrescentou.
Olhar jurídico e político
O cientista político e jurista eleitoral Breno Guimarães avalia que o protagonismo crescente da vice-governadora está diretamente ligado às funções que ela já exerce no cargo. “A vice-governadora Hana tem assumido o Governo do Estado durante os afastamentos e viagens do titular. Em função disso, ela vem ganhando protagonismo nas agendas oficiais, por meio da entrega de obras e serviços públicos prestados pelo governo”, afirmou.
Ele destaca que a legislação eleitoral impõe limites claros. “Na legislação eleitoral, não configuram propaganda eleitoral antecipada a menção à pretensão de candidatura e a exaltação das qualidades pessoais de um pré-candidato, desde que não envolvam pedido explícito de voto. Contudo, é vedada pela lei a distribuição de brindes, camisetas, bonés e chaveiros. Em algumas decisões, a Justiça Eleitoral condenou candidatos por abuso de poder econômico e político, conforme o caso, quando comprovado em processo eleitoral”, frisou.

COP como vitrine
O contexto da sucessão estadual se cruza com um evento de grande relevância internacional. Belém sediará, em novembro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Para aliados de Hana Tuma, o evento funciona como uma vitrine política. Segundo Guimarães, a vice-governadora ganha projeção justamente pela coincidência de agendas.
“Ela era vista apenas como uma pessoa técnica, que foi Auditora Fiscal da Sefa, Secretária de Planejamento na Prefeitura de Ananindeua e no Governo do Pará. Nos estudos da Ciência Política, poderia ser considerada uma ‘outsider’, alguém sem longa trajetória política e partidária. Contudo, ao ser eleita vice na chapa de Helder, passou a ter maior visibilidade, sobretudo nos eventos pré-COP30, ganhando destaque e maior competitividade eleitoral por estar no exercício de mandato e conhecer a máquina pública”, disse.
Forças e desafios
O cientista político também detalhou os pontos que podem definir a candidatura de Hana Tuma em 2026. “As principais forças da vice-governadora são: a possibilidade de concorrer às eleições no exercício de titular do cargo de governadora; contar com o apoio do atual governador Helder Barbalho e do maior partido político no Estado, o MDB; e conhecer a estrutura administrativa do Pará”, explicou.
Por outro lado, ele pontua fragilidades. “Os principais pontos fracos podem ser: a falta de uma trajetória política consolidada que permita maior base de apoio; o fato de ainda não ser conhecida pela maioria da população paraense, principalmente no interior; e a ausência de adesão de líderes políticos e partidários da esquerda e da direita, que devem lançar candidatos próprios”.