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Vídeo: artista descreve crise pandêmica em poema melancólico ‘Minha Manaus’
Cemitério Tarumã, em Manaus, tomado por crucifixos em covas de vítimas de Covid-19 (Maurício Freire/ Semcom)
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25 de janeiro de 2021
Jennifer Silva – Da Revista Cenarium
MANAUS – A sensação de dor e luto causados pela pandemia de Covid-19 no Amazonas desde março de 2020 foram retratados no poema de Edson Queiroz, “Minha Manaus”. No vídeo que circula nas redes sociais, os versos são narrados por Jefferson Pimentel de forma melancólica sobre as perdas e na humanidade como forma de superação inclusa.
Em entrevista à REVISTA CENARIUM, o poeta que também é artista plástico e servidor público detalhou inspirações. “Normalmente a poesia vem como algo muito sutil. Vejo uma frase ou uma situação que possa contar uma história. No dia que eu criei o poema, estava pintando e ouvindo uma música, de repente pensamentos começaram a surgir”, explicou Edson.
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Queiroz afirmou que escrever é um hobby e o projeto do poema aconteceu em parceria com Jefferson Pimentel, que também é artista plástico e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Jefferson é quem dá voz ao vídeo que viralizou no último final de semana nas redes sociais.
Rios de tristeza
Queiroz detalha o processo de criação do poema. “Criei o poema dia 14 de janeiro, quando faltou oxigênio. “Vi tantas lágrimas, tanto sofrimento e queria dar algum tipo de consolo. Observei que Manaus é a única cidade do mundo banhada por dois rios e descrevi o retrato do que está ocorrendo com nossa cidade”, descreveu o artista.
“Hoje os rios que te banham não escorrem das cordilheiras, eles escorrem dos rostos trigueiros da pele alvo dos que te habitam. E assim, saiu dessa forma”, explicou Edson, que também ressaltou a importância da narração de Jefferson, amigo e artista dele.
O artista tratou cuidadosamente da construção de cada estrofe do poema, para que as pessoas não confundissem a arte com autopromoção do sofrimento dos pessoas. “O Jefferson tem o dom para narrar e sempre que preciso de alguma coisa, ele é a primeira pessoa que me vem em mente”, destacou.
“Eu tenho muito cuidado nesses momentos, eu ponderei muito. Eu escolhi muito o que dizer. Tenho receio de que possa haver qualquer promoção em cima disso. Cheguei a pensar em desistir, porque é tanta gente querendo se promover. Mas aí, o Jefferson mandou três narrativas e quando eu vi pronto, tão emotivo, virei fã do meu próprio poema, criei admiração”, relatou.
O artista destacou que a pandemia trouxe clareza à sociedade. “A pandemia revelou aquilo que a gente já sabia, mas que agora ficou muito evidente: como o mundo precisa de arte. Como os artistas são importantes neste momento. Hoje eu percebi isso por meio da poesia, de que pode ser feito alguma coisa por meio da arte, a gente usa os recursos que têm. Os talentos que a gente tem, e que eles não sejam jogados fora”, finalizou.
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