Vídeo: múmias reais percorrem ruas do Egito em grande desfile faraônico

Uma visão geral da Desfile Dourado, no Cairo, Egito. (Khaled Elfiqi/EFE/EPA)

Com informações do Estadão

SÃO PAULO – Um desfile histórico de múmias reais do Novo Reino (séculos 16 a 11 aC) prencheeu a Praça Tahrir, no Cairo, no último sábado, 3. Os faraós foram transferidos para o Museu Nacional da Civilização Egípcia (NMEC), sua nova morada a partir de agora. O comboio, que partiu pouco depois das 20h (18h GMT), consistia em veículos pretos adornados com ouro e motivos luminosos que lembram antigos barcos funerários.

Além de vários carros de polícia, guardas montados em cavalos acompanharam a procissão dos antigos reis e rainhas do Egito. Teve também música de um grupo de tambores ao vivo e da Orquestra Sinfônica da Ópera do Cairo, que deram a trilha sonora ao apelidado de “Desfile Dourado”.

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Tanto a Praça Tahrir, recentemente decorada com um antigo obelisco e quatro esfinges com cabeça de cabra, quanto seus arredores foram fechados para veículos e pedestres, segundo o Ministério do Interior. Na chegada, os reis e rainhas foram recebidos com 21 tiros de canhão.

Os egípcios tiveram que acompanhar o desfile dos 18 reis e quatro rainhas na televisão estatal, que apresentou uma cerimônia de abertura cuidadosamente coreografada. “Este espetáculo grandioso é mais uma prova da grandeza […] de uma civilização única que chega às profundezas da história”, declarou o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, no Twitter.

Em ordem cronológica, o Faraó Seqenenre Taa (século 16 aC) abriu a procissão, encerrada por Ramsés IX (século 12 aC). Vários artistas egípcios participaram do evento com números musicais. O NMEC, que ocupa um grande prédio ao sul do Cairo, parcialmente inaugurado em 2017, abrirá suas portas em 4 de abril. Mas as múmias não estarão em exibição pública até 18 de abril.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que testemunhou o desfile, disse em um comunicado na sexta-feira que a transferência das múmias para o NMEC foi “o culminar de um longo trabalho para preservá-las e exibi-las melhor”. “A história da civilização egípcia está desfilando diante de nossos olhos”, acrescentou o líder da organização da ONU, que participou da criação do NMEC.

Preservação

Descoberto perto de Luxor (sul) a partir de 1881, a maioria das 22 múmias não saíam da Praça Tahrir desde o início do século 20. Desde a década de 1950, estão expostos em uma pequena sala, sem explicações museográficas claras. As múmias foram transferidas, cada uma, para dentro de um tanque especial, com o nome do soberano, e munidas de mecanismos de absorção de choque, em um envelope contendo nitrogênio para preservá-las.

No NMEC, eles serão exibidos em gavetas mais modernas “para melhor controle de temperatura e umidade do que no antigo museu”, disse à AFP Salima Ikram, professora de egiptologia da Universidade Americana do Cairo, especialista em mumificação. Eles serão apresentados individualmente junto com seus sarcófagos, em um ambiente que lembra as tumbas subterrâneas dos reis, com biografia e objetos relacionados aos soberanos.

Após anos de instabilidade política ligada à revolta popular de 2011, que desferiu um duro golpe para o turismo, o Egito procura manter os visitantes afastados, principalmente promovendo a cultura. Além de NMEC, o Egito deve inaugurar em alguns meses o Grande Museu Egípcio (GEM), próximo às Pirâmides de Guizeh, que abrigará coleções faraônicas.

Maldição dos faraós

Segundo Walid al Batuti, assessor do Ministro do Turismo e Antiguidades, o desfile “mostra que depois de milhares de anos, o Egito mantém um grande respeito por seus líderes. O grande desfile, anunciado pelas autoridades por meio de vídeos online, causou sensação nas redes sociais.

Sob a hashtag árabe #maldição_dos_faraós, muitos internautas associaram o recente catástrofes que ocorreram no Egito a uma “maldição” que teria sido causada pelo deslocamento das múmias. Em uma semana, o Egito experimentou o bloqueio do Canal de Suez por um navio porta-contêineres, um acidente de trem que causou 18 mortes em Sohag (sul) e o desabamento de um prédio no Cairo que matou pelo menos 25 pessoas.

A “maldição do faraó” já havia sido evocada na década de 1920 após a descoberta da tumba de Tutancâmon, seguida das mortes consideradas misteriosas por membros da equipe de arqueólogos.

Veja o desfile completo

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