Vinte cidades com pior qualidade de vida do País são da Amazônia Legal


Por: Jadson Lima

11 de fevereiro de 2025
Os municípios listados na Região Norte obtiveram oito registros entre as 20 cidades com a pior qualidade de vida do Brasil (Composição Paulo Dutra/CENARIUM)
Os municípios listados na Região Norte obtiveram oito registros entre as 20 cidades com a pior qualidade de vida do Brasil (Composição Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – As 20 cidades com a pior qualidade de vida do País estão concentradas na Amazônia Legal, de acordo com um levantamento produzido pelo Índice de Progresso Social (IPS) Brasil e divulgado em janeiro deste ano. O estudo, que leva em consideração o ano de 2024, foi realizado usando dados de todos os 5.570 municípios brasileiros e mede o desempenho social e ambiental.

O levantamento aponta que o Estado do Pará concentra a maior quantidade de cidades mencionadas como as que tiveram o pior desempenho no IPS Brasil em 2024. Esses municípios obtiveram oito registros entre as 20 cidades com a pior qualidade de vida do País. Na sequência, aparece o Estado de Roraima, que concentra quatro municípios com os piores desempenhos, seguido por Amapá (2), Mato Grosso (2), Acre (2) e Maranhão (1).

Uiramutã é o município do País com o pior índice de Qualidade de Vida do País (Reprodução/Google Maps)

Conforme o estudo, o ranking dos 20 municípios com os melhores e piores desempenhos em relação às notas gerais do IPS Brasil 2024 revelou um grande contraste entre o Norte, especialmente na Amazônia Legal, onde se concentra a maioria dos municípios críticos. Por outro lado, o levantamento mostra que o Sudeste do Brasil concentra os municípios com as maiores notas do IPS.

Roraima é o Estado que, proporcionalmente, ocupa os piores índices quando se leva em consideração o ranking do estudo. A cidade de Uiramutã aparece em primeiro lugar no ranking, com o resultado geral alcançando pontuação de 37,63/100, seguida por Alto Alegre (38,38/100), Bonfim (42,27/100) e Amajari (43,38/100). Das cidades do Amapá, Oiapoque concentra as piores pontuações (42,46/100) e Pracuúba (43,50/100).

O município de Feijó, no Acre, também está entre as 20 cidades com a pior qualidade de vida do país, ocupando a 16ª posição no ranking, com pontuação de 43,11/100, seguido pelo município de Santa Rosa do Purus, com 43,78/100. Do estado do Mato Grosso, as cidades de Nova Nazaré e Gaúcha do Norte concentram as piores qualidades de vida no ranking, com pontuação de 42,78/100 e 43,53/100, respectivamente.

Das cidades do Pará que figuram no estudo, sete delas estão concentradas no sudoeste do Estado e têm população entre 4 mil e 62,5 mil habitantes. São elas: Bannach (4 mil), Jacareacanga (24.042), Cumaru do Norte (14.036), Pacajá (41.097), Uruará (43.558) e Anapu (31.850), além da cidade de Portel (62.503), que está localizada na mesorregião do Marajó.

O relatório produzido pelo IPS é constituído a partir de três eixos: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades. De acordo com o estudo, cada um dos eixos inclui quatro componentes: necessidades básicas, nutrição e cuidados médicos básicos, água e saneamento, moradia, bem como segurança pessoal.

Estados

Dos Estados da Amazônia Legal, o Pará também ocupa a pior posição, pontuando 53,20/100, seguido pelo Acre (55,31), por Rondônia (55,67), pelo Maranhão (55,72), pelo Amapá (55,76), por Roraima (56,83), pelo Amazonas (57,83) e por Tocantins (58,23). O Estado de Mato Grosso ocupa a melhor posição entre os Estados da região, com pontuação de 60,15/100 nos índices gerais.

De acordo com o levantamento, apenas a performance econômica não explica o progresso social de um município. Por isso, menciona o estudo, o IPS é uma ferramenta que pode ajudar um território a compreender melhor a relação entre o progresso socioambiental e o desenvolvimento econômico, já que é possível fazer correlações entre o IPS e indicadores econômicos.

Conforme os 11 autores da pesquisa, a análise feita a partir do IPS Brasil 2024 e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 2021 revela uma grande variação de resultados, principalmente para aqueles municípios com PIB per capita inferior a R$ 100 mil. Houve uma variação grande nos resultados de progresso social entre os municípios com níveis de PIB menores, ou seja, mesmo com um PIB baixo, é possível atingir boas notas no IPS Brasil.

“Um exemplo ocorreu entre dois municípios na Amazônia Legal com a mesma faixa de PIB per capita, mas com resultados bem diferentes no IPS. De um lado estava o município de Jacareacanga-PA – que sofria com garimpo ilegal e desmatamento – com IPS 38,92 e classificação 5.566/5.570 e, do outro, o município de Itacoatiara-AM com IPS 58,60 e classificação 2.579/5.570 localizado em uma área da Amazônia mais conservada”, diz trecho do levantamento.

A CENARIUM procurou o Ministério do Desenvolvimento Regional, nessa segunda-feira, 10, para saber quais ações estão em andamento e se há planejamento para futuras ações nesses municípios, que apresentaram os piores índices de qualidade de vida do País. A reportagem também procurou o Governo do Pará, que concentra o maior número de cidades mencionadas. Até o fechamento deste material, não houve retorno.

Leia mais: Índice: Manaus é a nona pior capital do País em qualidade de vida
Editado por Izaías Godinho
Revisado por Gustavo Gilona

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