Vítima de abuso, candidata à vereadora pretende lutar por direitos da mulher em Manaus


14 de novembro de 2020
Coordenadora de um projeto que desenvolve ações para mulheres vítimas de violência doméstica, Jacqueline Suriadakis pretende ser a voz do público feminino na Câmara de Manaus (Carolina Givone/ Revista Cenarium)
Coordenadora de um projeto que desenvolve ações para mulheres vítimas de violência doméstica, Jacqueline Suriadakis pretende ser a voz do público feminino na Câmara de Manaus (Carolina Givone/ Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Vítima de um relacionamento abusivo, a candidata à vereadora nas eleições 2020, Jacqueline Suriadakis (PSC) busca assumir uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM) para lutar pelos direitos das mulheres e contra a violência doméstica, área que ganhou visibilidade na capital amazonense por meio do projeto Fênix Amazonas, que promove uma rede de atendimento às mulheres vítimas de agressões no Estado.

“Aceitei o convite do PSC porque nós precisamos de representatividade, de mulheres que olhem por mulheres, de mulheres que abracem a causa da mulher e eu já faço isso com o Fênix, pelas vítimas que já atendemos e continuamos atendendo”, disse a candidata, em entrevista exclusiva à REVISTA CENARIUM.

Formada nos cursos de Direito e Economia, além de estar fazendo mestrado em Segurança Pública, a coordenadora do projeto Fênix Amazonas criticou a bancada feminina na CMM. “São 41 vagas na Câmara de Manaus. Tem três mulheres e elas não estão olhando pelas mulheres. Nós precisamos brigar por isso, pelo nosso direito e eu quero fazer mais pelo público feminino”, desabafou.

Força

Jacqueline revelou que foi vítima de um relacionamento abusivo do ex-companheiro e que, a partir da experiência que ela passou, decidiu que não podia mais ficar calada e que deveria lutar pelos direitos não somente dela, como de todo o público feminino.

“Depois que revelei que sofri com um relacionamento abusivo por parte do meu ex-companheiro, muitas mulheres me procuraram e isso me deu força para continuar”, disse Jacqueline.

A candidata destacou que a sociedade vive um machismo enraizado, na qual, segundo ela, as mulheres acabam sendo submissas e sofrem com o relacionamento abusivo, na grande maioria dos casos, por conta da dependência financeira.

“A maioria, o fator da submissão é financeiro. E como a mulher não tem uma perspectiva de futuro, pois ela não tem uma capacitação profissional, isso acaba dificultando, já que ela não conta o que está sofrendo, pois não tem como sair desse relacionamento para retornar as casas dos pais”, frisou a candidata.

Propostas

Entre as propostas, a candidata à vereadora pretende propor a capacitação de mulheres com cursos profissionalizantes, de acordo com a aptidão delas, além de encaminhá-las ao mercado de trabalho. Jacqueline também salientou que irá sugerir a criação de centros tecnológicos municipais nos bairros de capacitação das pessoas de qualquer faixa etária.

A postulante também se propõe a cobrar a construção de creches de tempo integral nos bairros da capital amazonense, fiscalizar para que o transporte público tenha qualidade no serviço prestado e preço justo e lutar pela inclusão das crianças e jovens autistas nas redes municipais de ensino.

“A função de um vereador, além de ser funcionário do povo, é de fiscalizar e propor projetos que sejam eficazes para o município. Quero propor a capacitação profissional dessas mulheres que sofrem violência, essas mães. Preciso capacitar essas mulheres para que elas se tornem independentes financeiramente. Quero que elas possam lutar pelos sonhos delas e quero ser a voz dessas mulheres na Câmara”, finalizou.

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