Viúvo de grávida vítima de acidente em Manaus chora após ter fala barrada na CMM


Por: Jadson Lima e Lucas Thiago

06 de agosto de 2025
Viúvo de grávida vítima de acidente em Manaus chora após ter fala barrada na CMM
Familiares de Giovana Ribeiro da Silva com vereadores de Manaus (Andrezza Lira/Ascom Cel Rosses)

MANAUS (AM) – Viúvo da biomédica esteta Giovana Ribeiro da Silva, 29 anos, João Victor chorou nesta quarta-feira, 6, após não conseguir fazer uma declaração prevista para ocorrer na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Ele falaria sobre o acidente que resultou na morte da esposa e do bebê de oito meses que o casal esperava. Giovana e o filho morreram em 22 de junho deste ano, quando a motocicleta conduzida por João atingiu um buraco aberto na Avenida Djalma Batista, na Zona Centro-Sul da capital amazonense.

Após o encerramento da sessão, João Victor classificou a ação de vereadores da base do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), como uma “vergonha”. “A minha mulher grávida morreu por causa de um buraco. Isso [declaração no Parlamento] não é um pedido de ajuda, é um pedido de socorro. Eu tive que enterrar dois caixões, da minha esposa e da minha filha. Vocês não sabem o que é isso”, disse viúvo aos prantos.

O acidente que tirou a vida da mulher e do bebê ocorreu após o condutor do veículo desviar de um buraco aberto em uma das vias de Manaus. A vítima foi arremessada contra o canteiro central, onde foi reanimada por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi dada como anemia e hemorragia aguda, traumatismo torácico e abdominal, ação contundente e feto natimorto.

De acordo com o vereador Coronel Rosses (PL), a sessão foi suspensa antes do tempo regimentar, após a análise de requerimentos que “não tinham importância”. A família de Giovana estava na CMM para pedir atenção dos vereadores e justiça pela morte da mulher e do bebê.

Está mais do que exposto para todos aqui, que nós somos limitados aqui. Mas se a população mostrar a sua indignação nas redes sociais, nos programas, no WhatsApp, a gente vai conseguir demonstrar esses parlamentares que tentam cobrir as falcatruas do prefeito. Com isso, a gente vai conseguir, seja na Assembleia, ou aqui na Câmara, disse o vereador citando a “CPI do Asfalta” Manaus, que tramita na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Momento que vereadores votam para abrir o Pequeno Expediente (Reprodução/ Dircom)

Procurado pela CENARIUM, o líder do prefeito na CMM, vereador Eduardo Alfaia (Avante), negou “qualquer possibilidade” de manobra para evitar que a família de Giovana se pronunciasse na Tribuna da Casa Legislativa. De acordo com o parlamentar, ele desconhecia a ida do marido da vítima ao local.

“Eu desconhecia a ida da família. Fizemos a inversão da pauta para iniciar a Ordem do Dia, o plenário votou de forma maciça para essa inversão. Apenas um ou dois vereadores votaram contra a inversão. Não houve manobra de base, tem sido comum a gente fazer essa inversão. Pelo horário, só tínhamos tempo para ouvir apenas um orador”, disse o parlamentar.

Alfaia destacou, ainda, que a ida e fala de cidadãos, sindicatos e representantes da sociedade civil na CMM é comum, mas não está previsto no regimento da Casa. Segundo o parlamentar, o correto é protocolar um requerimento solicitando uma Tribuna Popular, conhecida como Audiência Pública.

Questionado sobre a fala do vereador Coronel Rosses, sobre a suspeita de “intervenção externa” da Prefeitura de Manaus para impedir a fala da família de Giovana, o líder do prefeito na CMM, reforçou que “não houve ligação alguma” do Executivo Municipal em relação ao assunto.

“O coronel Rosses não é tão importante a esse ponto, para que possamos fazer manobras, para seciar a fala dele ou de qualquer convidado do vereador. Eu lamento muito pela morte da jovem e de sua filha. Eu tenho certeza que o prefeito e o Executivo lamentaram, também essa fatalidade de morte prematura. Mas existe uma busca lamentável, por parte do vereador Rosses e pelo seu irmão, deputado Delegado Péricles, para buscar holofotes. Eu acho isso o pior tipo de política, tirar proveito em cima da dores das pessoas”, finalizou Alfaia.

Vereador Eduardo Alfaia é líder do prefeito David Almeida (Reprodução/Dircom)
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