‘Vou lutar incansavelmente para manter o STF no alto patamar das instituições’, diz Fux

Fux assumirá a chefia do Poder Judiciário em um ano marcado pelos conflitos do presidente Jair Bolsonaro com o Supremo (Divulgação)

Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – O Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de setembro passará a ser presidido pelo ministro Luiz Fux, eleito nesta quinta-feira. 25, para comandar a Corte no próximo biênio, o magistrado sucederá o atual presidente, ministro Dias Toffoli.

Por conta das dificuldades burocráticas de contratação de pessoas causadas pela pandemia de Covid-19, a eleição que ocorreria apenas em agosto, foi antecipada com objetivo de conceder mais tempo à Fux para formar a equipe de trabalho. A escolha de Fux mantém a tradição do Supremo de eleger o integrante mais antigo do tribunal que ainda não tenha presidido a corte.

PUBLICIDADE

Fux assumirá a chefia do Poder Judiciário em um ano marcado pelos conflitos do presidente Jair Bolsonaro com o Supremo e também pelas crises social e sanitária desencadeadas pela Covid-19. A ministra Rosa Weber foi eleita vice-presidente.

No STF desde 2011, Fux tem boa interlocução com o mundo político e com membros do atual governo. Nos enfrentamentos de Bolsonaro com ministros STF, porém, tem priorizado a união interna e o apoio a colegas de Supremo.

Prova disso foi o discurso feito após ser eleito. Fux fez questão de elogiar o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido criticado pelo governo por determinar operações policiais contra aliados do chefe do Executivo. Segundo Fux, Moraes “tem conduzido suas tarefas empenhando-se numa defesa institucional ímpar”.

O futuro presidente também ressaltou que não hesitará em defender o Supremo e a democracia brasileira. “Eu prometo aos meus colegas que vou lutar incansavelmente para manter o STF no mais alto patamar das instituições brasileiras. Vou sempre me empenhar pelos valores morais, pelos valores republicanos, me empenhar pela luta da democracia e respeitar a independência entre os Poderes dentro dos limites da constituição e da lei”, disse.

Carreira e polêmicas

Magistrado de carreira, Fux passou por todas as instâncias do Judiciário e também foi promotor de Justiça antes de chegar ao Supremo. É professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e tem doutorado na instituição.

Pelo histórico, é considerado um juiz completo e com amplo domínio do direito. No entanto, é criticado por uma ala do STF por ser suscetível à opinião pública.

Nos dois anos à frente do Supremo, deve herdar uma extensa judicialização da crise do novo Coronavírus e terá que decidir se leva a plenário julgamentos importantes, como o da descriminalização das drogas e o da divisão dos royaltes do petróleo entre os estados brasileiros.

No Supremo, Fux ficou conhecido por ser um dos principais apoiadores da Lava Jato e costuma se opor à ala garantista da corte, que faz críticas à operação. Nesse ponto, destoa de Toffoli, atual presidente.

A atuação do ministro no STF também ficou marcada por ter, em decisão liminar (provisória), concedido auxílio-moradia a todos os juízes.
O benefício de R$ 4,3 mil foi estendido a toda magistratura em setembro de 2014 e só foi revogado por ele mesmo em novembro de 2018.

Fux também é alvo de críticas por ter trabalhado para emplacar a filha Marianna Fux como desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ela assumiu a função com 35 anos e ocupa, desde 2016, a vaga destinada à advocacia no segundo grau do Judiciário fluminense.

Na sessão desta quarta, após a eleição de Fux, Toffoli enalteceu a trajetória profissional do colega e lembrou que ele foi responsável por coordenar o grupo de trabalho que redigiu o novo Código de Processo Civil sancionado em 2015 e que ficou conhecido como “código Fux”.

(*) Com informações da Folhapress

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.