Zona Franca de Manaus completa 58 anos com resultados e desafios


Por: Jadson Lima

28 de fevereiro de 2025
Zona Franca de Manaus completa 58 anos com resultados e desafios
O modelo econômico garantiu 98% da floresta preservada (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM) 

MANAUS (AM) – A Zona Franca de Manaus (ZFM), criada para impulsionar a economia na Região Norte, completa 58 anos nesta sexta-feira, 28, e emprega cerca de 126 mil profissionais que atuam no Polo Industrial de Manaus (PIM), de acordo com o superintendente Bosco Saraiva. Criado por decreto-lei em 1967, com um dos objetivos de manter em pé a maior floresta tropical do mundo, o modelo econômico garantiu a preservação de 98% da floresta.

Atualmente, cerca de 600 empresas atuam na ZFM, nos setores de informática, televisão e motocicletas, além de outros produtos que são produzidos pela indústria abrigada no modelo econômico. As produções vão de aparelhos eletrônicos, como televisores, passando pela produção de motocicletas e até concentrados de refrigerantes. Em 2024, o faturamento foi de R$ 204 bilhões.

Apesar do avanço industrial, impulsionado pelos incentivos fiscais criados com a implementação do modelo econômico no Amazonas e outros Estados da região, a capital amazonense, que é a quinta mais rica do País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfrenta sérios desafios socioeconômicos.

Cerca de 600 empresas atuam na ZFM nos setores de informática, televisão e motocicletas, dentre outros (Divulgação/Governo federal)

Dados do Censo de 2022 apontam que Manaus ocupa seis posições entre as 20 maiores favelas do País. O levantamento também mostrou que a maioria da população manauara vive em favelas, cerca de 55,8%. A CENARIUM procurou especialistas para que os leitores compreendam o contraste entre o sucesso do modelo econômico para a economia regional e a falta de melhorias em relação às desigualdades sociais registradas na capital do Amazonas.

O economista e atual vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Wilson Périco, afirmou à CENARIUM que é dever do poder público garantir à população os direitos básicos previstos na Constituição, por meio da arrecadação de impostos a partir da geração de empregos no Polo Industrial de Manaus. Ele mencionou que “desigualdade existe em todas as cidades do Brasil” e destacou a importância da atividade produtiva da Zona Franca.

Para o especialista, o Estado do Amazonas tem buscado novas atividades econômicas, mas nenhuma, neste momento, traz mais empregos que o modelo ZFM. “A mineração de potássio mudou a economia de Silves e comunidades próximas. O turismo está trazendo uma grande mudança para Novo Airão (AM). Temos muitas potencialidades a serem desenvolvidas, não para substituir a Zona Franca, mas para se somar a ela”, pontuou.

Economista Wilson Périco é atual vice-presidente da Fieam (Reprodução)

O economista disse, ainda, que sem os incentivos garantidos à ZFM na Constituição Federal, os índices de desigualdade em Manaus seriam piores. Ele também fez críticas à forma como o poder público, nas esferas municipal, estadual e federal, emprega os recursos oriundos de impostos e afirmou que a maioria da bancada do Amazonas no Senado Federal foi importante para manter a competitividade do modelo com a Reforma Tributária.

Se não fossem os incentivos oferecidos ao modelo ZFM, não teríamos tido condições de geração de emprego e riqueza, tanto com a renda dos trabalhadores quanto com a arrecadação de impostos – municipal, estadual e federal – que possibilitam a prestação de serviços públicos – saúde, educação, segurança, infraestrutura. Não são serviços na qualidade que merecemos, porém, sem os impostos recolhidos das indústrias e do comércio, esses seriam bem piores”, declarou Wilson.

PIM barra desemprego em massa

A reportagem conversou com um dos 126 mil trabalhadores do Polo Industrial de Manaus, Marivaldo Dias Sales Filho, de 24 anos, que atua como profissional terceirizado na empresa P&G, na fabricação de giletes. Natural de Manacapuru (AM), município localizado a 69 quilômetros de Manaus, o jovem falou sobre as oportunidades que encontrou na capital amazonense e relatou os desafios de se manter no mercado.

O auxiliar de produção também falou sobre as dificuldades enfrentadas por causa de mudanças na política de contratação de mão de obra dentro das empresas situadas na Zona Franca. “As contratações de empresas terceirizadas para a prestação de serviços nas fábricas cresceram e o salário nem sempre compensa, principalmente para quem mora de aluguel e precisa se manter em Manaus”, frisou.

Por outro lado, ele destacou as ameaças que os ataques ao modelo econômico sofrem, principalmente de políticos e empresários do Sudeste do País. Ele corrobora com o posicionamento do economista e diz que, se as indústrias forem embora de Manaus por falta de incentivos, “o índice de pobreza aumentaria muito”.

Leia também: Após discussões, Senado mantém benefícios à ZFM na Reforma Tributária
Revisado por Gustavo Gilona

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