A multipolaridade do Rei (sonso) do Norte brasileiro

Helder Barbalho está louco. Endoidou. Não sabe mais o que quer para o Estado do Pará e nem a imagem que quer para si. O governador criado por inteligências artificiais maquiavélicas, para ser político de carreira e filho herdeiro de um dos coronéis mais antigos da cena política moderna, porém, arcaica do Brasil, hoje já não sabe mais quem é e quais são suas bandeiras. Só há um consenso sobre Helder: Ele quer agradar a todos. Custe a quem custar.

O político filho de Jader Barbalho e Elcione Barbalho, que já foi vereador, prefeito, deputado estadual e, agora, é governador, trabalha sua imagem como um típico homem hétero, branco, alfa e rico, que vive sua crise de meia-idade em grande estilo, gravando vídeos ou se fotografando com sorrisos bizarros, equivocados e vilanescos ao lado da esposa.

De dia escuta um carimbó em algum evento e endoida dançando desengonçado enquanto faz juras de amor no TikTok e no Reels para a esposa loira de olhos claros, que já foi advogada e, agora, é conselheira do TCE como por um passe de mágica. Cargo vitalício.

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Daniela Barbalho já foi Secretária de Cidadania, Assistência Social e Trabalho, na mesma época que Helder foi prefeito de Ananindeua. Coincidência apenas porque Dani é super competente fazendo o que quer que seja que ela faça durante qualquer gestão do esposo.

Helder tenta trabalhar a imagem nas redes sociais como um digital influencer que constrange, nas redes sociais, pregando a felicidade, a humildade e o desapego material, mas na calada da noite se envolve com os garimpeiros, mercúrio, peixe contaminado, ouro, lama e políticos que vivem da prática do garimpo. Todos reunidos para criar o Dia do Garimpeiro. Data riquíssima a ser festejada com fogos e lágrimas emocionadas no dia 11 de dezembro.

Helder ama o garimpo, os povos indígenas, o ouro, o progresso, a Amazônia, o ouro, os rios e suas riquezas, o potencial verde paraense, o carimbó, o Tik Tok e o ouro. Mas Helder ama mesmo é uma boa música internacional e, vendo o sucesso do Coldplay, no Brasil, planeja trazer a banda para tocar no Estádio do Mangueirão reformado. Mangueirão, meu amor, Helder Barbalho Fix You. Entenderam?

Mal amanhece e nosso governador já começa a exaltar a soja, os sojeiros, o agrotóxico, o plantio, a destruição do cerrado, da mata, dos rios, a abertura da colheita da soja, os espantalhos nos campos de soja e o agronegócio. Helder ama o agronegócio, mas chama o agro de agricultura. Confunde os nomes que é para não pensar muito nos impactos diferentes que cada um causa. Esse governador é doido mesmo. Ele acha que o agronegócio respeita o meio ambiente. Será que ele também acredita que o agro é sinônimo de comida no prato?

Anoiteceu, a pressão do governador cai com falta de açúcar ou de cafeína, a ansiedade bate, ele se levanta, rapidamente, dos lençóis de cetim, olha para o vazio com olhos esbugalhados, suando frio, se levanta da cama, pega o celular e já clica no Tik Tok de forma mecânica, mas calma! Não é isso, é outra coisa, uma ideia que apareceu na mente polipolar do governador.

Ele decide que Belém vai sediar a COP30, para frear as agressões do agronegócio no Estado que mais castiga quilombolas, indígenas, pequenos agricultores, ribeirinhos e militantes, por meio do avanço da grilagem, do garimpo, da soja, do ouro e das multinacionais ultratrilionárias como, por exemplo, Cargill, Agropalma, Norte Energia ou Hydro, que passam como um rolo compressor por cima de qualquer bioma, aldeia, vila e povo.

Ele se reúne com o recém-eleito presidente Lula e oficializa Belém para o evento que trata da maior discussão mundial sobre o clima. O governador quer discutir uma forma de “desenvolver” a Amazônia, ao mesmo tempo em que pretende promover o enfrentamento de ilegalidades inseridas nos processos que, mesmo legais, já matam os povos originais o bastante.

Como assim ilegalidades, Helder? Tipo o garimpo, tipo a grilagem de empresas, tipo a Agropalma, tipo o envenenamento das populações quilombolas por empresas tipo a Hydro, tipo lá em Barcarena, Helder? Tipo o apagamento da identidade de um povo, tipo os pescadores e ribeirinhos de Altamira por um empreendimento tipo Belo Monte? É um louco mesmo.

Entre viagens para a China, fechando acordos de ferrovias que passam por cima da cabeça de quem estiver pela frente, jogadas de tráfico de influência, por meio de seu pasquim, pedidos de cargos públicos para familiares e amigos de bolso, o governador consegue escapar de todos os escândalos envolvendo, desde respiradores escondidos em paredes falsas de hospitais modelos, durante a pandemia, a empregar parentes em cargos vitalícios, por meio de leves tapinhas nas costas de celebridades da política paraense, entre elas, políticos nos mais variados partidos e cargos que vão de MDB a PSOL.

Agora, o governador digital influencer e tripolar quer defender a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, entre o Pará e o Amapá e, ao mesmo tempo, defender a bioeconomia como forma de geração de empregos, assim como grande arma para zerar a emissão de carbono no Pará até 2036.

Me diz agora se essas posturas são da mesma pessoa? Helder é bolsonarista ou lulista? É do bem ou do mal? Remo ou Paysandu? É da Casa Stark ou da Casa Lannister? É pela Amazônia ou contra a Amazônia?

É a favor ou não da população tradicional e originária que está morrendo contaminada com mercúrio e dejetos químicos que o agrotóxico da soja deixa nos rios e lençóis freáticos do Pará, além do apagamento identitário a que são submetidos toda vez que um governador dá um tapinha nas costas de um empresário, atrás de lobby ou de fonte para tráfico de influências?.

Helder não é do bem ou do mal. É um político igual seu pai e, quando o poço de petróleo for cavado na foz da floresta e começar a jorrar lama negra por todo o bioma, matando a vida e expulsando a população do entorno, vai ser ao som de A Rush of Blood to the Head, do Coldplay.

(*) João Paulo Guimarães é publicitário, jornalista, fotógrafo documental e fotojornalista freelancer
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(*)Publicitário, Jornalista, Fotógrafo Documental e Fotojornalista freelancer nascido na cidade de Abaetetuba no Estado do Pará.

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