Abandono de paridade internacional pela Petrobras tem avaliação positiva, mas não muda preços no AM


Por: Ívina Garcia

16 de maio de 2023
Abandono de paridade internacional pela Petrobras tem avaliação positiva, mas não muda preços no AM
Mudanças na Petrobras não influenciam preços do AM (Agência Petrobras)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Divulgada na manhã desta terça-feira, 16, a mudança nas políticas comerciais da Petrobras de substituir o Preço de Paridade de Importação (PPI), baseado no custo de importação para precificar o barril de petróleo, realizado em dólar, foi recebida com avaliação positiva pelo especialista ouvido pela REVISTA CENARIUM. Porém, apesar da redução do preço em âmbito nacional, o quadro não muda para o Amazonas, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM).

A nova política de preços deixa de cobrar do brasileiro os combustíveis no valor de importação, buscando tornar a empresa mais “eficiente e competitiva“, conforme o presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou durante anúncio. “Vamos continuar seguindo as referências do mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o País“, afirmou.

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Fachada da Petrobras (Reprodução)

Após o anúncio, Prestes e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comunicaram a redução de 21,3% no gás de cozinha, 12,6% na gasolina e 12,8% no diesel, que passam a valer a partir desta quarta-feira, 17. Porém, essa redução não refletirá nos preços do Amazonas, devido à venda dos ativos do Estado para empresas privadas.”A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados comemoram a decisão da Petrobras, mas alertam para a realidade no Amazonas, onde a Petrobras não tem poder de decisão“, alertou o Sindipetro-AM, em nota enviada à imprensa.

Infelizmente, os anúncios da Petrobras não impactam mais o Amazonas, devido à privatização dos ativos no Estado. Essas vendas do público para o privado, significam a saída da estatal do Estado, onde estamos também realizando o realocação desses trabalhadores para outros Estados. Atualmente, o grupo Atem é o dono da Refinaria de Manaus, sendo o único responsável pela compra e venda dos combustíveis e gás de cozinha no Estado, independente da Petrobras”, explica o coordenador do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro.

A REVISTA CENARIUM questionou, via e-mail, quais seriam os reflexos dessa alteração para o Amazonas, mas até o fechamento da matéria não houve resposta.

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A expectativa é de que com esse passo no abrasileiramento dos preços, a Petrobras retome refinarias, como as do Amazonas. O Estado possui o preço dos combustíveis mais caros do Brasil, desde a saída da Petrobras do Amazonas, em novembro de 2022, de acordo com levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM) (Juarez Cavalcanti/Agência Petrobras)

Antes da privatização, a Petrobras possuía 13 refinarias de Norte a Sul do Brasil, interligadas e capazes de abastecer a população local. Agora, com o déficit no parque de refino e duas refinarias privatizadas: Rlam, na Bahia, e Reman, no Amazonas, o cenário com a nova política de preços abrasileirados excluem as refinarias privatizadas pelo motivo óbvio: cada empresa privada escolhe a sua política de preços“, diz a nota.

Paridade Internacional

O conselheiro do Conselho Regional de Economia Amazonas (Corecon-AM) e economista Judah Torres explica que a mudança é muito importante para o País. “Não tinha porque a gente estar produzindo petróleo em real e vendendo para nossa própria população a preço de dólar. Então, isso era uma inconsistência que tinha na política antiga. Mas não é tão simples assim. Boa parte do refino da gasolina, do óleo diesel que a gente utiliza no País é feito fora do País”, explica.

Sobre as críticas à alteração, Torres avalia que elas vão existir, porque apesar de ser uma estatal, a Petrobras possui parte das ações disponíveis no mercado, implicando nos investimentos privados. “O mercado vai reagir, as ações provavelmente podem despencar, mas existe a finalidade básica da Petrobras que é o fim social, o benefício público“, avalia.

Profissional na plataforma da Petrobras (Divulgação)

Para ele, a decisão de mudança foi acertada e era o melhor caminho para fugir de ser influenciado pelo preço do dólar. “A empresa é pública e ela tem uma responsabilidade social, ela tem uma responsabilidade com o brasileiro, que acredito que agora vai começar a ser atendido novamente”. O economista lembra que a política de preços equiparada ao dólar foi instituída por Michel Temer. “O Governo Bolsonaro não corrigiu, muito em parte para não se indispor com o mercado, e agora o Governo Lula está corrigindo essa falha e, ao meu ver, foi um uma atitude acertada”, finaliza.

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