Agenor e Filó: amizade de homem e capivara é possível? Ibama desaprova e apreende animal
18 de abril de 2023
Agenor Tupinambá e sua capivara Filó viraram tema de debate nas redes sociais a partir da ação do Ibama (Reprodução/Redes Sociais)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Depois do sucesso das postagens em rede social do fazendeiro Agenor Tupinambá, que mora no município de Autazes (distante 118 quilômetros de Manaus), e sua capivara Filó, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resolveu atuar sobre o caso. O Ibama notificou Agenor para que entregue o animal. “É a nossa intenção. Ele foi notificado a entregá-la. Não conseguimos chegar ao local da residência dele”, declarou uma fonte do Ibama que pediu anonimato.
Ainda segundo a mesma fonte, Agenor cometeu, ao menos, cinco crimes ambientais. “Ele foi autuado. Havia nas suas postagens quatro crimes sendo cometidos: matar, maltratar, abusar e fazer uso da imagem”, elencou. De acordo com a fonte, o que Agenor faz em relação à capivara, não tem amparo legal. “Não tem previsão legal retirar o animal silvestre do seu habitat e tratá-lo como doméstico, é crime, além disso, tem alguns agravantes como o incentivo a que outras pessoas façam o mesmo”, avaliou.
Agenor Tupinambá e Filó em momento de carinho (Reprodução)
Questionado sobre o que será feito com o animal assim que entregue pelo fazendeiro, o agente do órgão informou: “Tendo condição de saúde, será devolvido à natureza, não havendo ficará sendo cuidado até que possa ser libertado no habitat natural”, informou.
A ação do Ibama gerou comoção e a opinião pública entrou em campo. A deputada Joana Darc (União Brasil), conhecida por militar em prol da causa animal, gravou um vídeo para suas redes sociais. No vídeo, ela se diz indignada com a ação do Ibama.
Na peça ela declarou: “Estou indignada com a ação do Ibama. Ele está sendo autuado e passando por constrangimento do Ibama. Enquanto animais sofrem maus-tratos, existem pessoas que cuidam, da melhor forma, dos animais e que ficam passando por esse tipo de constrangimento. Vou lá no Ibama, vou fazer a maior confusão, peço a vocês o apoio, nas redes sociais, porque ele cuida bem dos animais, e quem denunciou, que é de fora, não entende que a gente mora na Amazônia e que a gente convive, sim, com esses animais. Estou indignada, indignada!”, desabafou.
A capivarinha Filó em salto rumo ao rio que banha a fazenda de Agenor Tupinambá em Autazes (Reprodução/Redes Sociais)
Tristeza
Em nota, Agenor Tupinambá falou sobre o caso: “Eu cresci no meio do mato e lá nasceu a minha paixão pelos animais. Eu só saio de lá para estudar agronomia na capital, curso que escolhi para poder servi-los ainda mais. De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus-tratos e exploração contra animais. Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida. No total, as multas somam mais de R$ 17 mil, valor que nunca nem vi na minha vida”, descreveu.
Ele prosseguiu o relato: “Também fui notificado para retirar os vídeos que tanto expressam o meu amor e entregar a Filó num centro de tratamento animal, sob a acusação de retirá-la do seu habitat natural. Se tem alguém que mora no habitat natural de alguém sou eu, não os animais. Eu abro a janela e lá estão o rio, a floresta e os animais. Eu que estou de passagem nesse lugar. E escolhi ser um guardião e não um criminoso. Lamento profundamente o que está acontecendo e só eu sei a dor que estou sentindo. Agradeço o apoio da minha família, amigos, seguidores, imprensa e ao suporte jurídico que nunca pensei que precisaria. Com amor, Agenor Tupinambá”, finalizou.
Além da capivara, Agenor também possui um porquinho, bois, porcos e papagaio (Reprodução/Redes Sociais)
Para a psicóloga Luciely Botelho: “Os laços entre humanos e animais são poderosos. É a correlação positiva entre animais de estimação e saúde mental. A grande maioria dos donos de animais pensam em seu bichinho como um membro da família. Animais de estimação podem, muitas vezes, ser a única companhia de pessoas solitárias, ou até mesmo, uma companhia agradável e cheia de carinho para idosos, crianças e adultos. Portanto, animais de estimação e saúde mental andam de mãos dadas”, explicou.
Luciely esmiúça ainda mais a relação entre homem e animal: “Os benefícios para a saúde mental, de possuir cachorro, gato, porco, galinha ou até mesmo hamsters, ou outro animal de estimação, foram comprovados por muitos estudos científicos. Os animais ajudam na depressão, ansiedade e estresse, transtorno de pânico e até mesmo no bullying. Além disso, eles proporcionam a companhia e facilitam o dia a dia daqueles que vivem de modo mais solitário, enquanto nos trazem alegria e amor incondicional. Quando perdemos esse animal, nós, seres humanos, perdemos uma parte da gente”, finalizou.
Para a psicóloga Luciely Botelho, animais de estimação são aliados na qualidade de vida e saúde mental de humanos (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.