Agenor e Filó: amizade de homem e capivara é possível? Ibama desaprova e apreende animal

Agenor Tupinambá e sua capivara Filó viraram tema de debate nas redes sociais a partir da ação do Ibama (Reprodução/Redes Sociais)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Depois do sucesso das postagens em rede social do fazendeiro Agenor Tupinambá, que mora no município de Autazes (distante 118 quilômetros de Manaus), e sua capivara Filó, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resolveu atuar sobre o caso. O Ibama notificou Agenor para que entregue o animal. “É a nossa intenção. Ele foi notificado a entregá-la. Não conseguimos chegar ao local da residência dele”, declarou uma fonte do Ibama que pediu anonimato.

Ainda segundo a mesma fonte, Agenor cometeu, ao menos, cinco crimes ambientais. “Ele foi autuado. Havia nas suas postagens quatro crimes sendo cometidos: matar, maltratar, abusar e fazer uso da imagem”, elencou. De acordo com a fonte, o que Agenor faz em relação à capivara, não tem amparo legal. “Não tem previsão legal retirar o animal silvestre do seu habitat e tratá-lo como doméstico, é crime, além disso, tem alguns agravantes como o incentivo a que outras pessoas façam o mesmo”, avaliou.

Agenor Tupinambá e Filó em momento de carinho (Reprodução)

Questionado sobre o que será feito com o animal assim que entregue pelo fazendeiro, o agente do órgão informou: “Tendo condição de saúde, será devolvido à natureza, não havendo ficará sendo cuidado até que possa ser libertado no habitat natural”, informou.

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A ação do Ibama gerou comoção e a opinião pública entrou em campo. A deputada Joana Darc (União Brasil), conhecida por militar em prol da causa animal, gravou um vídeo para suas redes sociais. No vídeo, ela se diz indignada com a ação do Ibama.

Na peça ela declarou: “Estou indignada com a ação do Ibama. Ele está sendo autuado e passando por constrangimento do Ibama. Enquanto animais sofrem maus-tratos, existem pessoas que cuidam, da melhor forma, dos animais e que ficam passando por esse tipo de constrangimento. Vou lá no Ibama, vou fazer a maior confusão, peço a vocês o apoio, nas redes sociais, porque ele cuida bem dos animais, e quem denunciou, que é de fora, não entende que a gente mora na Amazônia e que a gente convive, sim, com esses animais. Estou indignada, indignada!”, desabafou.

A capivarinha Filó em salto rumo ao rio que banha a fazenda de Agenor Tupinambá em Autazes (Reprodução/Redes Sociais)

Tristeza

Em nota, Agenor Tupinambá falou sobre o caso: “Eu cresci no meio do mato e lá nasceu a minha paixão pelos animais. Eu só saio de lá para estudar agronomia na capital, curso que escolhi para poder servi-los ainda mais. De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus-tratos e exploração contra animais. Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida. No total, as multas somam mais de R$ 17 mil, valor que nunca nem vi na minha vida”, descreveu.

Ele prosseguiu o relato: “Também fui notificado para retirar os vídeos que tanto expressam o meu amor e entregar a Filó num centro de tratamento animal, sob a acusação de retirá-la do seu habitat natural. Se tem alguém que mora no habitat natural de alguém sou eu, não os animais. Eu abro a janela e lá estão o rio, a floresta e os animais. Eu que estou de passagem nesse lugar. E escolhi ser um guardião e não um criminoso. Lamento profundamente o que está acontecendo e só eu sei a dor que estou sentindo. Agradeço o apoio da minha família, amigos, seguidores, imprensa e ao suporte jurídico que nunca pensei que precisaria. Com amor, Agenor Tupinambá”, finalizou.

Além da capivara, Agenor também possui um porquinho, bois, porcos e papagaio (Reprodução/Redes Sociais)

Para a psicóloga Luciely Botelho: “Os laços entre humanos e animais são poderosos. É a correlação positiva entre animais de estimação e saúde mental. A grande maioria dos donos de animais pensam em seu bichinho como um membro da família. Animais de estimação podem, muitas vezes, ser a única companhia de pessoas solitárias, ou até mesmo, uma companhia agradável e cheia de carinho para idosos, crianças e adultos. Portanto, animais de estimação e saúde mental andam de mãos dadas”, explicou.

Luciely esmiúça ainda mais a relação entre homem e animal: “Os benefícios para a saúde mental, de possuir cachorro, gato, porco, galinha ou até mesmo hamsters, ou outro animal de estimação, foram comprovados por muitos estudos científicos. Os animais ajudam na depressão, ansiedade e estresse, transtorno de pânico e até mesmo no bullying. Além disso, eles proporcionam a companhia e facilitam o dia a dia daqueles que vivem de modo mais solitário, enquanto nos trazem alegria e amor incondicional. Quando perdemos esse animal, nós, seres humanos, perdemos uma parte da gente”, finalizou.

Para a psicóloga Luciely Botelho, animais de estimação são aliados na qualidade de vida e saúde mental de humanos (Reprodução/Arquivo Pessoal)

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