Além da ameaça do garimpo e Covid-19, Yanomamis vivem ‘situação preocupante de casos de malária’ no Amazonas
09 de dezembro de 2020
MPF instaurou um inquérito civil para apurar as medidas adotadas na região e coibir o surto de malária (Louise Botkay, 2017)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Em meio à atividade ilegal da mineração praticada por garimpeiros e ao avanço da Covid-19 em terras indígenas, o povo Yanomami vive uma “situação preocupante da epidemia de malária”, segundo apontou, esta semana, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
A informação foi evidenciada pelo procurador da República, Fernando Merloto Soave, que instaurou um inquérito civil para apurar as medidas adotadas na região e coibir o surto de malária nas aldeias dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, localizados no interior do Amazonas, região do Alto Rio Negro.
A portaria de investigação foi publicada no Diário Oficial do Ministério Público Federal (MPF) na segunda-feira, 7. De acordo com o procurador, a manifestação da Sesai apontou que a situação preocupante ocorre com índices de transmissão seis vezes superiores ao “score limite” estabelecido pela Organiza Mundial da Saúde (OMS).
No documento, Soave destacou que considerou também a ocorrência de surto de malária nas aldeias Yanomami dos rios Marauiá, Ayari e Demeni, em Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, relatado por lideranças indígenas em maio de 2019.
Como providências iniciais, o procurador determinou o envio de ofício ao Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) para que, no prazo de 15 (quinze) dias, informe se houve redução de casos de malária na Terra Indígena Yanomami.
Yanomamis
A Terra Yanomami é considerada a maior reserva indígena do País, localizando-se entre os estados de Roraima e Amazonas, e parte da fronteira com a Venezuela. Na região, habitam mais de 26,7 mil índios em 360 aldeias. Estima-se que uma população de 20 mil garimpeiros também ocupa o território.
No último mês, um relatório da Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana apontou que a pandemia da Covid-19 avançou em 250% dentre do território Yanomami, entre os meses de agosto, setembro e outro deste ano. Segundo o levantamento, um em cada três moradores da região pode ter sido contaminado pelo novo Coronavírus.
O cenário vivenciado pelos indígenas se agrava com a presença de garimpeiros ilegais, que são considerados como os principais vetores da doença entre os Yanomami, conforme o estudo da Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e revisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A mineração ilegal, outra atividade garimpeira, também ameaça a vida dos Yanomamis. A exploração da atividade causa contaminação por mercúrio, assoreamento e poluição de rios e destruição de parte da floresta.
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