Amapá decreta calamidade pública em região afetada por salinização do rio

Os efeitos do decreto valem por 180 dias e contemplam a região do Bailique, distrito de Macapá (Reprodução/Governo do Amapá)

Gabriel Abreu – Da Cenarium

MANAUS – O governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), decretou nessa quinta-feira, 21, estado de calamidade pública na região do Distrito do Bailique, afetada pela salinização da água no rio e erosão de margem fluvial. O gestor estadual intensificou ações na comunidade que tem passado pela crise no abastecimento de água, já que o consumo está proibido. Os moradores relatam ainda que não conseguem sequer lavar as roupas ou as louças.

“Com o decreto, autorizo a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem nas ações de apoio e reabilitação necessárias. Nosso objetivo é otimizar a assistência prestada aos moradores da localidade”, destacou Waldez Goés.

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Os efeitos do decreto valem por 180 dias e contemplam a região do Bailique, distrito de Macapá, e áreas dos municípios de Amapá e Itaubal, que também foram prejudicadas pelo fenômeno. Além da água salgada, os moradores convivem com o risco de erosão das encostas. O fenômeno, que acontece durante o verão amazônico – a partir do segundo semestre do ano – é natural, mas ribeirinhos relatam que, pelo menos, nos últimos quatro anos, a intensidade da água salgada tem sido maior.

Um estudo do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) busca entender se a aceleração do fenômeno ocorre em função do desmatamento ambiental e do assoreamento do Rio Araguari, que deságua no Amazonas.

Relatos

A REVISTA CENARIUM conversou com moradores do Distrito do Bailique. Entre eles, está Aldilene Costa da Silva, que relatou dificuldade com a captação de água, já que a casa dela é totalmente cercada pela água salgada.

“Nós não temos como tratar a água e a gente queria muito que o poder público ajudasse com caixa d’água para que seja armazenada a água. Só assim para a gente poder sobreviver”, disse Aldilene.

Veja, abaixo, um registro do local onde Aldilene Costa da Silva vive:

Aldilene Costa da Silva relata a dificuldade dos moradores em beber água na região. (Arquivo/Pessoal)

Assistência social

Os moradores do Bailique estão sendo auxiliados pelo governo com abastecimento de água potável. Os primeiros 100 mil litros de água, de um total de 500 mil litros que serão enviados, já chegaram à região para abastecer as comunidades de Itamatatuba, São Pedro Curuá, Carneiro, Maúba e Vila Progresso, e novos lotes estão a caminho.

Fotos georreferenciadas

A Defesa Civil do Estado e o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) conduzem um trabalho de fotos georreferenciadas das comunidades para levantar informações sobre como as estruturas do arquipélago têm sido afetadas pelos fenômenos da erosão (Terras Caídas) e a salinização.

Este registro inclui dados precisos de localização geográfica. O levantamento será fundamental para desenvolver novas políticas públicas voltadas para Bailique, de acordo com as mudanças que a região atravessa.

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