Amazonas deve registrar 1800 casos de câncer do colo do útero até 2026


07 de julho de 2024
Amazonas deve registrar 1800 casos de câncer do colo do útero até 2026
Imagem mostra a fachada da Fundação Cecon, unidade especializada em tratamento de câncer no Amazonas (Divulgação)
Da Cenarium*

MANAUS (AM) – O câncer do colo do útero é a terceira maior causa de mortes prematuras femininas no País, sendo um desafio nacional. No Estado do Amazonas, a previsão é de que sejam registrados 1.800 novos casos até 2026, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O Instituto projeta 51 mil ocorrências para todo país, no mesmo período. O índice poderia ser reduzido com a adoção de mecanismos de controle, como vacinação e rastreio. De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), em 2024, mais de 120 mulheres morreram em decorrência da doença, que é considerada 100% evitável.

Segundo Mônica Bandeira, ginecologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), o câncer do colo do útero é 100% evitável se o diagnóstico for realizado com antecedência. “Identificar lesões precursoras garante a não evolução para o câncer. A Organização Mundial da Saúde estima que seria possível reduzir entre 60% e 90% das ocorrências aumentando o rastreamento da população feminina para, ao menos, 80% das mulheres. Por ser uma infecção sexualmente transmissível, o uso da camisinha nas relações sexuais é um importante método de prevenção, além da vacina contra o HPV que é ofertada gratuitamente pelo SUS, o que garante maior proteção”, destaca a médica.

Doutora Monica Bandeira, especialista em ginecologia (Divulgação)

A recomendação do imunizante é para jovens entre 9 e 14 anos, além da população imunossuprimida (vivendo com HIV/aids, submetidos a transplantes de órgãos sólidos/medula óssea e pacientes oncológicos), de 15 a 45 anos. Desde 2020, a OMS trabalha com a meta de eliminar o câncer de colo de útero e o classifica como um problema de saúde pública mundial.

De acordo com a FVS, 121 mulheres chegaram a óbito devido ao câncer, somente no primeiro semestre deste ano. A última Pesquisa Nacional de Saúde revelou que a taxa de rastreamento da doença, causada por alguns tipos Papilomavírus Humano (HPV) é menor em mulheres de baixa escolaridade, pardas e negras.

Centro de Prevenção

Previsto para inaugurar em agosto deste ano, em Manaus, o Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu), atenderá mulheres diagnosticadas com lesões pré-cancerosas, onde poderão realizar o procedimento de conização (uma pequena, simples e rápida cirurgia para a retirada das lesões em forma de cone, assim evitando o câncer de colo uterino).

O Cepcolu fica localizado ao lado do FCecon. Foram investidos na construção R$ 5.627.009,51 milhões, sendo R$ 4.936.744,62 milhões pelo Governo do Estado e R$ 690.264,79 mil por meio de emendas parlamentares do deputado estadual Delegado Péricles (PL). O parlamentar também destinou R$ 1,05 milhão para aquisição de equipamentos e insumos para o Cepcolu.

Número de profissionais

A doutora Mônica Bandeira ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para alertar os parlamentares sobre a grande deficiência da Fundação Cecon, única unidade de saúde do estado especializada no tratamento do câncer.

Como é possível um hospital de oncologia de alta complexidade funcionar com um déficit de 62% de recursos humanos frente a uma demanda cada dia maior de pacientes? A resposta é extremamente desgastante, cansativa e desesperadora“, declarou. Assista ao vídeo:

De acordo com a especialista, há carência de qualificação de todos os recursos humanos, administrativos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, dentre outros. “Na minha área, nós estamos com menos cinco ginecologistas. A Fundação Cecon está de mãos atadas. Diariamente, vivenciamos o desmonte para os nossos pacientes em todos os setores por falta de recursos humanos. Trabalhamos sobre um regime de esforço hercúleo, ao modo de operação tapa buracos e apagando incêndios. Até quando?”, perguntou a médica.

A ginecologista, ao lado de vários outros colegas da Fundação Cecon, implorou por uma nova forma de tratar a unidade de saúde e sua equipe a fim de que eles possam atuar com eficiência e dignidade. “A causa câncer precisa ser definitivamente priorizada como política de estado sem descontinuidade”, pediu emocionada.

Leia mais: Pesquisadores querem saber por que mortalidade por câncer é maior entre mulheres negras
(*) Com informações de Assessoria

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.