Amigo e assessor de Vini Jr. acusa segurança de estádio de racismo

Segurança que teria feito ofensa racista a amigo e assessor de Vini Jr. (Reprodução/Bruno Cassucci)
Da Revista Cenarium*

BARCELONA – “Putaria, asqueroso, intolerância”. Um assessor pessoal de Vinicius Junior teria recebido uma banana das mãos de um segurança do estádio RCDE, em Barcelona, ao chegar ao local para acompanhar o amistoso entre Brasil e Guiné, neste sábado, 17, jogo cujo mote é justamente o combate ao racismo.

“Palhaçada, tristeza, segregação racial”. Felipe Silveira, que também é amigo pessoal de Vinicius, era o único negro do grupo de quatro pessoas que chegava ao local. Além dele, estavam o empresário do jogador e outros assistentes, que iam à frente. Quando chegou a vez de Silveira, o segurança teria empurrado uma banana em seu peito e dito “mãos para o alto que essa aqui é minha pistola”.

Silveira chamou, imediatamente, os colegas, que acionaram a chefia de segurança e o chefe do estádio. “Eles tentaram descredibilizar a gente, dizendo que estávamos mentindo”, afirmou à Folha o assessor Edu Peixoto.

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“Disseram que era um funcionário muito antigo, que jamais ele faria isso”. O segurança manteve a banana consigo e Silveira chamou a polícia, que o orientou a fazer denúncia para que pudessem agir. “Bem em frente ao local há câmeras e estamos querendo que o estádio disponibilize as imagens para que, mais uma vez, um episódio desses não acabe como se fosse um ‘mal-entendido’ ou algo parecido”, afirmou Peixoto.

Uma outra funcionária da segurança do estádio tentou tirar o homem do local, mas alguns membros da equipe de Vinicius não deixaram ele sair. O segurança nega ter feito qualquer ofensa racista. O nome dele não foi informado.

Tweet da Confederação Brasileira de Futebol antes do início da partida (Reprodução/Redes Sociais)

“Racismo, injustiça, inveja”. As palavras que abrem os parágrafos foram ditas à reportagem na entrada do jogo. Alheios à nova situação de racismo explícito, 40 torcedores responderam qual palavra definiria os insultos no jogo contra o Valencia, há cerca de um mês, quando Vinicius Junior enfrentou gritos de mono (macaco) de uma parte considerável da torcida valenciana.

“Vergonha alheia”, escolheu Nathalia de Mônaco, brasileira residente em Barcelona. “Viemos de preto por causa disso”, disse sua amiga Fabiola Fernandes, ao lado do irmão Victor. “Dias depois daquela partida, fui jogar videogame e dois espanhóis estavam usando os nomes ‘macaco Vinicius’ e ‘macaco Junior’ no jogo”, contou ele.

“Revolta, discriminação, gravíssimo.” Cinco gols foram feitos por cinco negros no amistoso deste sábado, em que a seleção brasileira venceu por 4 a 1. O último, pela estrela da noite, Vinicius Junior, de pênalti. No primeiro tempo, Joelinton, Rodrygo e Guirassy, descontando para a Guiné. Éder Militão ampliou no início do segundo tempo.

“Humilhação, decepção, falta de empatia”. Às 21h34 (16h34 em Brasília), os jogadores do Brasil e de Guiné se ajoelharam ou se sentaram no gramado durante o minuto de silêncio. A seleção estava de uniforme preto, pela primeira vez, em seus 109 anos de história. Vinicius Junior vestia a camisa 10, a de Pelé e que, nos últimos dez anos, pertenceu a Neymar.

Tweet do jogador Vinicius Junior após saber do caso de racismo ocorrido (Reprodução/Redes Sociais)

“Vergonha, loucura, indignação”. O estádio RCDE estava todo adesivado de preto, neste sábado, com inscrições como “Racismo é crime”, “Com racismo não tem jogo” e “Vamos expulsar o racismo”. Até as credenciais entregues ao estafe eram pretas, hoje. A partida, no entanto, não lotou a arena. A organização não passou o número de ingressos vendidos.

“Escroto, fogo nos racistas, falta de respeito”. Antes do jogo, os alto-falantes tocaram músicas de artistas negros, como os Racionais, Claudinho e Bochecha, Ludmila, Tim Maia, Djonga, Cidade Negra e Raça Negra, entre outros. Nos telões, vídeos antirracistas embalaram a espera pelo apito inicial.

“Falta de espírito esportivo, ódio, terror”. Após a partida, o técnico interino Ramon Menezes afirmou que ele e os jogadores só ficaram sabendo do episódio envolvendo o assessor de Vinicius após o jogo. “Hoje, era para celebrar um dia difícil e aconteceu mais uma vez aqui”, lamentou o atacante Lucas Paquetá.

Marquinhos fez coro: “Tomara que as punições possam ser cada vez mais severas.” Em nota, a CBF disse que “hoje, mais uma vez, mais um criminoso foi exposto publicamente”.

“100% com Vinicius.”

Leia mais: ‘Preto e imponente’, diz Vini Jr., após Cristo Redentor ter luzes apagadas em ato contra o racismo
(*) Com informações da Folhapress
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