Amom faz campanha com empresário envolvido em desabamento do Sambódromo de Manaus


25 de agosto de 2024
Amom faz campanha com empresário envolvido em desabamento do Sambódromo de Manaus
Amom Mandel e Paulo Atayde Girardi (Composição/Weslley Santos/CENARIUM)
Carol Veras – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O deputado federal e candidato à Prefeitura de Manaus Amom Mandel (Cidadania) faz campanha ao lado do empresário Paulo Atayde Girardi, que esteve à frente da Comagi Construções e Comércio Ltda. quando a empresa foi responsabilizada pelo desabamento da obra do Centro de Convenções Professor Gilberto Mestrinho, o Sambódromo de Manaus, em 1994. A tragédia deixou 25 pessoas feridas.

A parceria foi registrada em uma publicação na rede social Instagram neste sábado, 24, durante a visita do parlamentar ao bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste da capital. A postagem foi realizada na conta do empresário. Na imagem, ambos cumprimentam idosos moradores do bairro.

Amom Mandel e Paulo Atayde Girardi (Reprodução/Redes Sociais)

Há 30 anos, a cobertura metálica do Sambódromo de Manaus, um misto de passarela de samba com escola pública, cedeu às 21h50 do dia 20 de abril. O empreendimento foi inaugurado naquele ano e precisou ser fechado após o sinistro que abalou parte da estrutura. Os feridos foram encaminhados ao Pronto Socorro 28 de Agosto. Não houve mortes.

Desabamento da estrutura do sambódromo (Reprodução/Redes sociais)

A obra da empresa Comagi Construções e Comercio Ltda. levou a uma operação que investigou o superfaturamento das obras. Paulo Girardi e os ex-secretários Orígenes Martins e Elpídio Gomes da Silva Filho foram condenados a pagar US$ 7 milhões, aproximadamente R$ 20 milhões.

As obras ocorreram entre 1991 e 1994, na gestão de Gilberto Mestrinho, financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), mas foram consideradas inadequadas para uso educacional anos depois, em 2014.

Em 1999, o Ministério Público Federal moveu uma ação de improbidade administrativa, alegando um superfaturamento de 1.154,15% na construção de salas de aula na “Ala Cultural” do Centro de Convenções. O valor pago por metro quadrado foi de US$ 4.039,52, enquanto o preço de mercado, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscom), era de US$ 350,00.

Obras no sambódromo em 1922 (Reprodução/Manaus de Antigamente)

Gilberto Mestrinho, ex-governador do Amazonas e presidente do Conselho de Ética do Senado, foi acusado de envolvimento no desvio de US$ 42 milhões destinados à construção do Sambódromo.

O Ministério Público Federal do Amazonas (MP-AM) moveu uma ação de improbidade administrativa contra o ex-governador e outras quatro pessoas, questionando a ausência de licitação e o superfaturamento da obra. Os acontecimentos foram noticiados na Folha de São Paulo e repercutiram nacionalmente após a publicação.

Assim como era amigo pessoal de Mestrinho, Paulo Atayde Girardi também é ligado a seu sucessor, o ex-governador do Amazonas Amazonino Mendes (Cidadania), atuando com empreiteiras em obras públicas.

Manchete da Folha de S. Paulo (Reprodução/FOLHA)
Manchete da Folha de S. Paulo (Reprodução/FOLHA)

Consulta ao CNPJ da empresa Comagi Construções e Comercio Ltda. (04.162.244/0001-21), no entanto, não exibe o empresário como sócio-administrador. No lugar aparece os nomes de Tony Silva e da holding Italo Participações Ltda.

Quadro societário da Comagi Construções e Comércio Ltda. (Reprodução/Receita Federal)
Parceria

O candidato à prefeitura pelo partido Cidadania afirmou diversas vezes à imprensa que não vai utilizar Fundo Especial de Campanha, conhecido como “Fundão”. O recurso dos partidos PSDB e Cidadania — que formam a federação da qual Amom Mandel faz parte —, somam, juntos, R$ 207 milhões. Ao negar o recurso, Mandel deixou em aberto sobre de onde retirará recursos para o financiamento de sua campanha.

Na última quarta-feira, 21, Amom, informou que parte dos “santinhos” distribuídos na campanha será feita de material reciclado de impressos de outros candidatos. Segundo informado nas redes sociais, as equipes da campanha vão recolher o lixo deixado por colaboradores nas ruas e quem for pego despejando resíduos deve ser suspenso.

De acordo com o candidato, o motivo seria a preservação do meio ambiente. Na sua coligação, o jovem conta com 38 candidatos disputando uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM), incluindo dois vereadores que buscam a reeleição. Nos bastidores, há alegações de que Mandel está prejudicando a campanha dos mesmos por negar o “Fundão”.

Leia também: Internautas acusam Amom Mandel de copiar conteúdo eleitoral de Duda Salabert
Revisado por Gustavo Gilona

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