André Valadão: Justiça determina retirada de vídeos que incitam violência a LGBTQIAPN+
11 de julho de 2023
O pastor André Valadão (Reprodução/Facebook)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) determinou a retirada de vídeos do pastor André Valadão com conteúdo que estimule “violência ou discriminação” contra pessoas LGBTQIAPN+. A determinação se aplica aos perfis no Youtube e no Instagram da Igreja Batista da Lagoinha e do líder religioso na internet, além de veículos de imprensa.
Proferida pelo juiz federal José Carlos Machado Júnior, na noite de segunda-feira, 10, a decisão atendeu parcialmente a uma Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF-MG). O conteúdo deve ser retirado do ar em até cinco dias sob pena de multa de R$ 1 mil por dia em caso de descumprimento.
Entre os vídeos abrangidos pela determinação judicial estão o do culto “Deus Odeia o Orgulho” e outro em que o pastor diz que se Deus pudesse “mataria a população” que faz parte do espectro, o qual Valadão ainda incentiva os fiéis a “irem pra cima” dessas pessoas. Ao todo, nove publicações de diferentes ocasiões devem ser retiradas do ar.
Capa do vídeo de Valadão que fazia referência homotransfóbica em redes sociais (Reprodução)
Poder de influência
O juiz federal ressaltou que Valadão possui “influência sobre um número significativo de fiéis e seguidores”, o que pode causar “desestabilização social”, visto que as declarações são de “potencial homofóbico e transfóbico”. José Carlos Machado Júnior disse ainda que o líder religioso “excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença”.
Para fundamentar a decisão, o magistrado teve como base o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que equiparou a homofobia e transfobia à Lei de Racismo (Lei 7.716/1989). Além disso, ele fez referência a pontos da Constituição Federal (CF) que versam sobre respeito, bem como liberdade de expressão no ambiente virtual.
‘Interpretações distorcidas’
Logo após a decisão do MPF-MG, ainda na noite de segunda, o pastor André Valadão usou as redes sociais para comentar o caso e disse que não havia sido notificado judicialmente. Ele alega que as acusações são “mentiras e interpretações distorcidas”.
“Não admito, nunca admiti e não autorizo que nossos fiéis agridam, firam, ofendam ou causem qualquer tipo de dano, físico ou emocional a qualquer pessoa que seja. Repudio o uso de violência física ou verbal a pessoas por conta da orientação sexual. Sou contra o crime de ódio e incitação à violência e, como cristão, defendo que Deus ama o pecador”, defendeu-se.
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