Apoiador de Bolsonaro, Denarium se rende a Lula e agradece por obras do PAC 3 em Roraima

Lula e Denarium estiveram em evento de relançamento do programa Luz para Todos (Reprodução/Instagram/@antoniodenariumrr)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de Roraima Antônio Denarium (Progressistas) agradeceu ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por ter as demandas do Estado atendidas pela nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Denarium foi um dos governadores mais fiéis ao Bolsonaro, que é o principal adversário político de Lula.

No segundo turno das eleições presidenciais em 2022, Bolsonaro teve 76,08% votos válidos, contra 23,92% de Lula. A vantagem foi a maior entre os candidatos em meio a todos os Estados. Apesar do bom desempenho em Roraima, Bolsonaro não conseguiu a reeleição. Contudo, o aliado político Antonio Denarium, conseguiu a reeleição para o governo no primeiro turno.

governador de Roraima confirma apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o discurso de relançamento do programa Luz para Todos em Parintins, no Amazonas, o governado de Roraima estende diversos elogios ao governo federal. “Fico muito feliz de estar aqui com o presidente Lula em mais essa oportunidade. O presidente tem olhado com muito carinho para as demandas do Estado de Roraima. Fomos atendidos em todas as demandas no PAC”, afirmou.

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Danarium ao lado de Jair Bolsonaro (Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)

Relembre

Denarium está em seu segundo mandato como governador de Roraima. Empresário do agronegócio, o governador chegou à vida política em 2018 na esteira do bolsonarismo e se candidatou ao governo de Roraima pelo PSL, vencendo Anchieta Júnior no segundo turno. Ele defende pautas consideradas importantes para o bolsonarismo em Roraima a exemplo da legalização do garimpo e o fim de demarcações em terras indígenas do Estado.

Em 2022, Denarium voltou a vencer as eleições derrotando a ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, em primeiro turno. Por este pleito, o governador responde a um pedido de cassação da chapa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR) por praticar conduta vedada e distribuir 50 mil cestas básicas em ano eleitoral.

Até o momento, há dois votos pela perda do mandato do chefe do Poder Executivo estadual e um pela extinção do processo. O julgamento deve ser retomado no dia 14 de agosto.

O governador de Roraima também é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) por proferir declarações discriminatórias sobre o povo Yanomami, em uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em janeiro deste ano.

“Eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”, disse o governador.

Em outro trecho, Denarium minimizou a desnutrição presente entre os indígenas, dizendo que o problema não existiria somente no Estado e que não era possível vincular a atuação do garimpo à situação yanomami.

Linhão irá conectar Roraima ao sistema nacional de energia (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

PAC

Uma das demandas solicitadas pelo governo de Roraima por meio do PAC 3 é a da ordem de serviço do Linhão de Tucuruí. O documento foi assinado pelo ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira durante o evento em Parintins (AM), Alexandre Silveira. As linhas de transmissão irão conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que atualmente é a única unidade da Federação que não faz parte do SIN.

A construção está prevista para terminar em setembro de 2025 e possui previsão de investimento de R$ 2,6 bilhões. O Linhão substituirá o atual sistema de abastecimento no Estado, composto por usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa, e uma pequena central hidrelétrica.

O ministro Silveira explica que haverá mais de 50 mil pessoas beneficiadas. “A substituição de termelétricas a diesel por energia limpa e renovável, vai ter a conta de luz mais baixar e vamos economizar mais de R$ 1 bilhão por ano”, garante.

Indígenas Waimiri-Atroari do sul do estado de Roraima (Mário Vilela/Funai)

Demora

A construção das linhas de transmissão foi motivo de um impasse por mais de 10 anos, envolvendo o governo Federal e os indígenas Waimiri Atroari, que cobravam ser consultados sobre o projeto. Várias decisões judiciais, solicitadas por órgãos federais, impediram o início da obra.

Após várias negociações, em maio de 2022, lideranças Waimiri-Atroari aceitaram a proposta do consórcio Transnorte Energia, responsável pela obra e do governo Federal para que as torres passem pelo território indígena. Na ocasião, o governo apresentou um plano básico ambiental a compensação de R$ 90 milhões aos indígenas e oficializando por decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Linhão terá 715 quilômetros de extensão sendo 425 em Roraima e 290 no Amazonas, e será construído às margens da BR-174. Cento e vinte e dois quilômetros das linhas de transmissão irão passar pela Terra Indígena, situada entre os dois estados.

Linhão de Guri

Ainda no evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o decreto que retoma o fornecimento elétrico para Roraima por meio do Linhão de Guri, na Venezuela. Desde 2019, o Estado não é abastecido pelo Linhão de Guri por conta de uma série apagões no país vizinho. A conexão internacional entre Brasil e Venezuela deverá ser utilizada para reforçar o sistema de abastecimento no Estado enquanto a obra para a ligação no SIN não é concluída.

O decreto, que deve ser publicado ainda nesta sexta, prevê a possibilidade de importação de energia para atendimento aos sistemas isolados, com o objetivo de reduzir os dispêndios da Conta de Consumo de Combustível (CCC), orçada em R$ 12 bilhões para 2023. Ela representa quase 35% da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). A gradativa substituição do sistema acarreta redução nos custos da CCC – pago por todos os consumidores de energia elétrica no Brasil.

Leia mais: No Pará, Marina Silva anuncia volta do programa Bolsa Verde; auxílio será de R$ 600

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