Apontado como ‘matador de índios’, Borba Gato tem estátua incendiada por grupo em SP
24 de julho de 2021
A estátua foi incendiada por um grupo de manifestantes (Gabriel Schlickmann)
Déborah Arruda e Linda Almeida – Da Cenarium
MANAUS (AM) – A estátua de Manuel de Borba Gato, localizada na zona Sul de São Paulo, foi incendiada durante a manifestação deste sábado, 24. O grupo Revolução Periférica assumiu a autoria do incêndio, que foi controlado minutos depois pelo Corpo de Bombeiros. O atentado à estátua está relacionado à manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em favor da preservação da Amazônia e pela luta para garantia dos direitos indígenas, que vêm sendo constantemente ameaçados durante o governo de Bolsonaro.
Os manifestantes agruparam pneus aos pés da estátua, que possui 10 metros e pesa cerca de 20 kg, e atearam fogo logo em seguida. Esta não foi a primeira vez que o monumento sofreu com algum tipo de protesto. Em 2016, por exemplo, a estátua foi alvo de um banho de tinta. De acordo com um dos integrantes do grupo responsável pelo incêndio, em publicação nas redes sociais, o bandeirante seria responsável pelo genocídio da população indígena.
Assista ao vídeo do momento:
Vídeo do momento do incêndio (Reprodução)
O monumento foi inaugurado em 1963 e integra o Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo, mantido pelo Departamento do Patrimônio Histórico. Após ameaças de derrubada da estátua, no ano passado, a subprefeitura de Santo Amaro solicitou a instalação de gradis ao redor do bandeirante, além de o monumento ter sido vigiado 24 horas por dia pela Guarda Civil Metropolitana durante o período.
A estátua de Borba Gato é alvo frequente de críticas de grupos que defendem retiradas de monumentos que exaltam pessoas ligadas ao passado brasileiro marcado pela escravidão, a colônia e a ditadura. Este tipo de movimento é antigo, mas se intensificou nos últimos três anos.
Homenagem indevida
O bandeirante exerceu o cargo de juiz ordinário em Sabará e participou da Guerra dos Emboabas. No entanto, outro lado de sua história gera revolta entre grupos indígenas justamente por cumprir suas missões, que, à época, eram tidas como grandes desbravadores de novas terras, quando caçavam indígenas, estupravam e escravizavam-nos durante as expedições. Muitas vezes, aldeias inteiras eram destruídas e seus habitantes dispersados.
Desta forma, conforme o debate sobre a mudança de visão ética dos bandeirantes segue adiante, grupos aproveitam para levantar o questionamento sobre por qual motivo eles ainda seguem sendo tidos como heróis.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.