Após encontro com Lula, presidente de Portugal diz que não sabe se reunião com Bolsonaro será mantida

O presidente português, Marcelo Rebelo, com o ex-presidente Lula, em encontro em São Paulo - Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação
Com informações da Folha de S.Paulo

SÃO PAULO – Após se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que ainda não sabe se o líder brasileiro Jair Bolsonaro (PL) vai manter a reunião marcada com ele para a segunda-feira, 4, em Brasília.

Apesar de Bolsonaro ter dito na sexta, 1º, que iria cancelar o encontro após saber que Rebelo se reuniria com Lula, oficialmente a comitiva portuguesa não foi comunicada sobre um cancelamento e o evento continua na agenda. Rebelo afirmou que se não receber uma confirmação na tarde deste domingo, 3, partirá para um “plano B” e ficará por mais um dia em São Paulo.

“Houve um convite escrito, aceitei por escrito. Vou ficar no programa originário”, disse à imprensa, no fim da reunião com Lula. Um pouco depois, ele admitiu que está reprogramando a agenda para o caso de o encontro com Bolsonaro não ser confirmado. “Se até o começo da tarde não houver uma confirmação por escrito, fico por São Paulo.”

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Rebelo afirmou que não tratou do tema com Lula, nem sobre a campanha eleitoral brasileira. Segundo ele, os dois conversaram sobre a Guerra da Ucrânia e seus impactos geopolíticos e sociais sobre o mundo e a América Latina. Lula não falou com jornalistas após a reunião, que ocorreu na residência oficial do cônsul português em São Paulo.

O presidente português negou que o episódio tenha gerado um incidente diplomático entre os dois países. “Eu diria, como chefe de Estado, que não alterou nada nem no meu relacionamento com o chefe de Estado brasileiro, nem do Estado português com o Estado brasileiro nem no relacionamento entre o povo português e o povo brasileiro”, disse.

Questionado se não previu que a reunião com o petista — principal adversário do atual presidente brasileiro na eleição deste ano — poderia gerar mal-estar, Rebelo afirmou que a programação de sua visita é cultural, que já havia encontrado ex-presidentes em outras viagens e que oficialmente não há campanha eleitoral no Brasil.

“As candidaturas serão só em 6 de agosto. Portanto, não há candidatos. Não há sequer período eleitoral.”

Rebelo negou que seu encontro com Lula seja uma tomada de posição de seu governo em relação à eleição brasileira. “Falei com o ex-presidente Lula como já havia falado há um ano. Falarei com Temer, Fernando Henrique, todos ex-presidentes.”

Ele disse que pretende voltar ao Brasil em setembro e que, nesse caso, agirá de forma diferente. “A campanha estará correndo.”

Após a reunião com Lula, Rebelo iria visitar a Bienal do Livro e se encontraria com os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Segundo Rebelo, se o almoço com Bolsonaro for cancelado e ele ficar em São Paulo, talvez remarque a conversa com o Fernando Henrique para a segunda-feira.

Antes de embarcar para o Brasil, no aeroporto de Lisboa, logo após Bolsonaro dizer que desistiria do almoço com Rebelo, o líder luso havia afirmado que “não vale perder um segundo com um almoço quando há amizade entre os povos”. “O que importa é a amizade entre os povos, não a ligação entre os políticos”, disse à imprensa, minutos antes de embarcar para a celebração do centenário do primeiro voo transatlântico Portugal-Brasil.

“Quem convida é quem pode decidir se mantém ou não o almoço”, afirmou Rebelo, que não descartou um novo almoço com Bolsonaro “daqui a alguns meses, meio ano”.

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