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Após manifestação de entidades, MPF pede que Justiça obrigue Funai a sepultar corpo do ‘Índio do Buraco’
Último de seu povo, o indígena foi encontrado morto em agosto no território Tanaru, onde viveu sozinho por quase três décadas (Mateus Moura/CENARIUM)
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26 de outubro de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – Após dois meses da morte do indígena Tanaru, conhecido como ‘Índio do Buraco’ e encontrado morto no Sul de Rondônia, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou ação civil pública para que a Justiça Federal obrigue a Fundação Nacional do Índio (Funai) a realizar o sepultamento do indígena.
O corpo do “Índio do Buraco” foi enviado até a Funai, em Brasília, para coleta de amostras e realização de laudos e exames e, de acordo com o Governo Federal, foi devolvido para a Delegacia da Polícia Federal, em Vilhena. A reportagem da REVISTA CENARIUM entrou em contato com a Superintendência, que disse desconhecer a existência do corpo na sede da PF, em Rondônia.
A assessoria da PF, em Rondônia, disse à CENARIUM que “a operação foi toda comandada por Brasília” e que “nem a Superintendência Regional tem essa informação”. A reportagem fez novos questionamentos à Funai sobre o sepultamento do indígena e as declarações da PF de Rondônia, mas até a publicação desta matéria, não obtivemos resposta.
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Na ação ingressada, o MPF pede que a Funai realize o sepultamento de acordo com as tradições indígenas da região onde o indígena viveu por mais de três décadas isolado e que o local do sepultamento seja preservado de forma permanente.
“É direito fundamental a dignidade e a memória do indígena morto, bem como de seu povo, dos povos indígenas de Rondônia e do Brasil e também dos próprios servidores da Funai que o salvaram do extermínio e atuaram por décadas na sua proteção”, ressaltam os procuradores do MPF, que afirmam que esse direito está sendo aviltado pela demora excessiva e desnecessária para a realização do funeral.
‘Anti-indígena’
Em entrevista à CENARIUM, a ativista e presidente da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Suruí, afirma que a demora no sepultamento do ‘Índio do Buraco’ só demonstra ainda mais a política anti-indígena do governo federal.
“Isso é vilipendiar o morto. É um retrato muito claro de como esse governo anti-indígena e esse País tratam os povos indígenas: não respeitam nem a morte da pessoa”, expressou Neidinha sobre o atraso no sepultamento.
Com a morte do indígena Tanaru, o território que compreende 8 mil hectares está sem residentes. A ativista acredita que a demora no enterro do indígena tenha a ver com cobiça pela região. “Para mim, o que está por trás disso tudo [a demora no sepultamento], é que não querem que ele seja enterrado no seu território, pois querem grilar o território. Querem se apropriar desse território”, alertou.
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